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Desinformação e ideologia prejudicam agronegócio Brasileiro

Ideias erradas sobre sustentabilidade e tecnologias e demora com regulamentação são os “vilões invisíveis” debatidos no 2º Fórum de Agronegócios


 “O maior problema é que ninguém sabe o que é sustentabilidade”, afirmou Maurício Antônio Lopes, presidente da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária durante apresentação no 2º Fórum de Agronegócios, evento do LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, em Campinas. Comandando o primeiro painel do encontro de especialistas no setor, ele comentou as barreiras do País quanto à complexidade, informações e relacionamentos em prol da sustentabilidade no agronegócio.
 
O debate foi dividido com lideranças como Luiz Barretto, diretor-presidente do SEBRAE, Márcio Portocarrero, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), e Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (ABIEC). “O Brasil cria barreiras para ele mesmo. Devemos ser mais arrojados, caso contrário, ficaremos para trás”, afirmou Portocarrero, da ABRAPA, sobre a demora na regularização de produtos. “Além disso, precisamos de programas de armazenagem efetivamente colocados em prática para evitar o desperdício, pois não temos alternativas modernas”, completou.

 
Consolidar na sociedade que crescimento e sustentabilidade não são conceitos antagônicos é um grande desafio para o Brasil, onde a discussão já existe há anos e, mesmo assim, o País ainda está aprendendo a caminhar neste sentido. Já a demora na aprovação de novidades para o setor também foi um dos assuntos abordados pelo terceiro painel do encontro, que busca solucionar os “os nós dos insumos”, com exposição de Alexandre Mendonça de Barros, sócio-diretor da MB Agro, e debate com a participação de Eduardo Daher, diretor executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), David Roquetti, diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), e Adriana Bondrani, diretora do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
 
Mendonça de Barros levantou a discussão sobre a dificuldade em três pontos fortes para o agronegócio no Brasil: agroquímica, biotecnologia e fertilizantes. “Hoje somos a 4ª maior agricultura do mundo e a única tropical. A demora dos órgãos responsáveis para aprovação de novas moléculas atrasa o Brasil na descoberta de tecnologias mais avançadas para a produção nas lavouras”, explica. Hoje, a espera média para a liberação de novos registros pelos órgãos responsáveis são sete anos. Segundo Eduardo Daher, há uma confusão também na nomenclatura dos produtos. “As pessoas criam nomes para as produções. Para alguns são inseticidas, outros veneno. Isso é um problema e uma injustiça para o produtor”, diz.
 
Uma discussão unânime durante o painel foi o uso da área de refugio nas produções. “Hoje, ainda mais importante, é checar se há resistência de produtos nas ervas e vice e versa, atacando a proliferação de pragas nas plantações. O refugio deve ajudar o produtor e ser obrigatório”, completou Adriana Bondrani, diretora do CIB – Centro de Informações sobre Biotecnologia. “Hoje, por exemplo, há um preconceito enorme com os alimentos transgênicos, o que não deveria existir, pois é o alimento que mais é testado nas normas de bio segurança. O problema ainda é ideologia”.

 
O 2º Fórum Nacional de Agronegócios é promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, presidido por João Doria Jr., e pelo LIDE Agronegócios, liderado por Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e Coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, e contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e da senadora e presidente da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Kátia Abreu. 
 
SOBRE O LIDE - Fundado em junho de 2003, o LIDE - Grupo de Líderes Empresariais possui dez anos de atuação. Atualmente tem 1.400 empresas filiadas (com os braços regionais e internacionais), que representam 51% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

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