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Desmistificando a agricultura de precisão

Segmento vem discutindo padronização e normatização


Segmento, que tem um setor exclusivo na AGRISHOW, vem discutindo padronização e normatização

Reconhecida como uma das últimas fronteiras agrícolas, a agricultura de precisão tem vaga assegurada na 20ª Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação). Além de um setor de estandes inteiramente dedicado à atividade, especialistas encontraram na feira o local ideal para o debate sobre os caminhos, tecnologias e normatização do segmento.


“Agricultura de precisão não se restringe ao uso de máquinas, computadores e tecnologia GPS para o monitoramento da propriedade agrícola. Trata-se antes de saber identificar as diferenças do campo e respeitá-las, para que não haja desperdício, tanto no bolso quanto para o meio ambiente”, explica o coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, Ricardo Inamasu.

Segundo ele, antes de o agricultor preocupar-se com a aquisição de tecnologia, é preciso que ele entre em contato com o real objetivo da agricultura de precisão: o gerenciamento detalhado das atividades agrícolas, levando-se em consideração a chamada variabilidade espacial e climática. Com isso, deixa-se de considerar a propriedade como um único bloco homogêneo, para identificar as características específicas de cada parte do terreno – e atuar sobre elas de maneiras distintas. “É uma comunhão do homem com a terra. Um cuidando e tirando proveito do outro.”

No Brasil, o advento da agricultura de precisão é relativamente recente, de meados dos anos 90 para cá, mesma época em que chegaram ao país equipamentos de alta tecnologia à lavoura, daí a confusão. Na Europa e Estados Unidos, a adoção do conceito no dia a dia do campo ocorreu antes.

Crescimento

Por isso, há muito espaço para crescer, em especial nas pequenas propriedades, mais relutantes em implantar novidades relacionadas à agricultura de precisão, seja pelo custo do investimento, seja pela resistência cultural à tecnologia. “Hoje, a quantidade de pequenos produtores que adotam a agricultura de precisão não chega a 20%”, conta o coordenador de vendas da Arvus, Paulo Fabris. Segundo ele, apesar do baixo percentual, a situação já está mudando. “O pequeno precisa se readequar para não ser engolido por completo pelo grande. Além disso, hoje há várias linhas de financiamento que englobam a agricultura de precisão e tornam a aquisição das tecnologias mais acessível.”

Quem também está otimista quanto à participação do pequeno agricultor na agricultura de precisão é o gerente comercial da Agritotal, Paulo de Lima Bueno. “Os donos de pequenas propriedades estão mais abertos e sentem a necessidade de avançar. Hoje, há equipamentos mais básicos, com preços acessíveis, que se pagam em pouco tempo.” A revendedora espera crescer este ano até 20%.

A sedimentação do setor no País traz outra melhoria: a adaptação da tecnologia ao mercado nacional. “Um operador de máquina nos Estados Unidos tem nível superior. Não é nossa realidade. Por isso, utilizamos uma linguagem bem simples, readequada aos nossos padrões”, explica o gerente nacional de vendas da Agres, Márcio Blau. Outra vantagem é que o produto nacional é cerca de 20% mais barato. “Isto sem perder a qualidade.”


Entre os lançamentos do segmento para a AGRISHOW deste ano está o Smart Agri, da Sisgraph, empresa do grupo Hexagon, que permite ampliar o número de linhas de plantio, aumentando a produtividade e evitando perda de terreno. “Fizemos recentemente uma experiência com a Usina Guaíra, que já apresentou ganhos e economia de tempo no preparo das linhas”, revela o diretor de marketing, Fernando Schmiegelow.

Já a Alezi Teodolini é a aposta nos Vants (Veículos Aéreos Não-Tripulados) para seduzir os grandes produtores que desejam um mapeamento preciso da propriedade. São dois modelos, um de R$ 120 mil e outro de R$ 190 mil. “O mais avançado é operado por controle remoto, precisa de uma pista de voo de 80 metros e treinamento especial”, explica o diretor de marketing, Rafael Guandalini.

Normatização

Um desafio ainda precisa ser superado no segmento de agricultura de precisão: as empresas não adotam uma norma capaz de fazer com que equipamentos de diferentes marcas instalados em uma mesma estrutura “conversem” entre si. Assim, o agricultor deve ficar atento e certificar-se de que há compatibilidade entre os produtos adquiridos.

“São dois impedimentos para que as empresas nacionais adotem o padrão único. Obrigatoriamente, ela limita o desenvolvimento de particularidades nos projetos e, sem diferencial, perdemos competitividade. Outro: é difícil fazer assistência técnica de uma máquina com equipamentos agregados de diferentes empresas”, argumenta o supervisor regional de vendas da Verion, Marcos Nascimbem Ferraz.

Para conscientizar as empresas brasileiras a respeito da importância da padronização, a Embrapa realizou nesta terça-feira (30/04) uma palestra sobre a certificação ISOBUS (ISSO-11783), padrão incentivado pela AEF, organização euro-americana que visa elaborar uma norma universal ao segmento. “Ao caminhar neste sentido, entramos em sintonia com o futuro da agricultura”, pontuou o diretor de marketing, Andrew Olliver.

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