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Desvalorização do real causa efeitos positivos em produtos de exportação, diz especialista

A valorização do dólar no Brasil implica em desvalorização do Real e vice-versa


Foto: Pixabay

A valorização do dólar no Brasil implica em desvalorização do Real e vice-versa. Quando ocorre a desvalorização do Real os efeitos sobre os preços de produtos de exportação são positivos, ou seja, tais produtos se valorizam em reais. É o que vem ocorrendo neste momento em nosso país com a soja, por exemplo. Por ser um produto de exportação, a oleaginosa está cotada hoje, no interior gaúcho, acima de R$ 90,00/saco no balcão. É o maior preço nominal da sua história em nosso Estado. O Professor Doutor em Economia Internacional, Argemiro Luis Brum fez uma análise de como as cotações em Chicago estão em baixa neste momento e o prêmio no porto de Rio Grande relativamente estável (dois outros importantes componentes na formação do preço da soja), o atual preço da oleaginosa está sustentado unicamente pelo câmbio. Se não tivesse ocorrido esta desvalorização, muito intensa e fora da curva, e o Real tivesse ficado ao redor dos valores do início do corrente ano (entre R$ 4,00 e R$ 4,10 por dólar), o saco de soja no balcão gaúcho estaria hoje ao redor de R$ 69,00, ou seja, o mesmo estaria valendo cerca de R$ 22,00 a R$ 25,00 a menos do que vale hoje.

Por outro lado, com a desvalorização do Real, tudo que o Brasil importa fica proporcionalmente mais caro. Assim, como os insumos para se fazer as lavouras de inverno e verão são importados ou possuem componentes importados, seus preços tendem a subir. No caso do atual câmbio, os mesmos podem subir significativamente em relação à safra passada. Tudo irá depender da capacidade das indústrias e os revendedores conseguirem repassar ao produtor rural (consumidor final) a totalidade desta alta motivada pelo câmbio.

Em muitos casos isso poderá não ser possível, com o aumento dos insumos ser absorvido, em parte, pela indústria e revendedor, diminuindo suas margens de ganho, diante da impossibilidade de o produtor pagar a integralidade do aumento. No caso do Rio Grande do Sul, na próxima safra isso poderá ocorrer, pois houve grande frustração e perda de renda com a seca que atingiu a última safra de verão, após uma safra ruim de trigo no inverno. Mas há que se considerar que os insumos possuem um mercado oligopolizado, na mão de poucas indústrias, o que permite a elas colocar o maior preço possível. Assim, os produtores de soja, por exemplo, no imediato estão conseguindo um preço elevado pelo produto (para a grande maioria, infelizmente, tais preços não estão compensando as perdas devido a seca), porém, logo adiante poderão ter que pagar preços muito elevados pelos insumos que serão utilizados na futura lavoura, aumentando os custos de produção de forma importante.  

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