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Dilma conversará com usineiros sobre preços altos do etanol

A presidente cobrou de Rossi postura firme na discussão com os empresários do setor


A presidente cobrou do ministro Wagner Rossi uma postura firme na discussão com os empresários do setor

Apesar de exaltar e defender o etanol em seu discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff inicia o mandato insatisfeita com a disparada dos preços do hidratado nos postos e deve cobrar os usineiros sobre o desequilíbrio no mercado do combustível.

Antes mesmo de assumir o cargo, Dilma pediu ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, uma postura firme na discussão com os empresários do setor, atitude que ela teve à época em que foi ministra das Minas e Energia e da Casa Civil.

Rossi disse que, assim que possível, o Governo chamará os usineiros para avaliar os motivos da alta dos preços do etanol hidratado, utilizado nos veículos flex fuel. "Vou conversar com o setor e quero expressar que o Governo não está satisfeito", disse o ministro.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o preço médio do litro hidratado em dezembro ficou em R$ 1,0751 nas usinas de São Paulo, alta de 7,4% sobre o R$ 1,0010 de novembro. Com o reajuste chegando aos consumidores, a gasolina ganhou competitividade sobre o etanol nos postos da maioria do País.

Entre as medidas para pressionar a queda nos preços do hidratado, o governo cobrará a oferta de estoques que foram financiados com os mais de R$ 2 bilhões liberados pelo setor público no ano passado.

O Governo financiou a estocagem justamente para enxugar a oferta durante a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul, quando o produto é abundante, e os preços ficassem estáveis. A ideia é que o volume seja colocado no mercado durante a entressafra, que começou em dezembro.

Estabilidade

Ainda de acordo com Rossi, "o governo tem uma preocupação com a incapacidade do setor produtivo de manter preços estáveis", e com o fato de, nas entressafras, os consumidores de etanol com veículos flex fuel migrarem para a gasolina. Isso ocorre quando os preços do hidratado superam os 70% do valor do combustível de petróleo e tornam o álcool menos competitivo, como agora.

"Sei que há uma variação normal no mercado, mas no caso específico do etanol de cana-de-açúcar isso é levado ao extremo", disse o ministro.

Na avaliação do Governo, a migração para a gasolina impede uma fidelização da clientela para o etanol, pelo lado do consumidor. Do lado da produção, existe uma "incapacidade de planejar os suprimentos de longo prazo", nas palavras de Rossi. A migração também faz com que o preço da gasolina suba, já que o combustível de petróleo vendido nos postos tem 25% de etanol anidro misturado.

"Há alguma imperfeição mercadológica que precisamos estudar e teremos uma conversa mais firme para buscar um equilíbrio no mercado. Não adianta o setor pensar que vai se beneficiar desses picos de preço na entressafra. O governo avalia que essa ação é perversa", concluiu o ministro.

PROTESTOS
Manifestantes são contidos por guardas do Planalto

No primeiro dia útil de trabalho da presidente Dilma Rousseff, seguranças do Palácio do Planalto tiveram que conter, na manhã desta segunda-feira (3), dois manifestantes que protestavam contra a saúde no País e contra um suposto "roubo" no programa Bolsa Família.

O policial militar reformado por invalidez Wagner Onofre, 44, chegou ao Palácio do Planalto empunhando um caderno com uma série de críticas à saúde, mais especificamente no Estado do Amazonas.

Ao ser impedido de se aproximar da recepção do Planalto por quatro seguranças, Onofre começou a gritar que queria entregar o caderno pessoalmente para Dilma.

Depois de se recusar a protocolar o documento, o militar acabou sendo convencido por um representante do gabinete de Dilma, que desceu ao térreo para conversar com ele.

Onofre, que veio a Brasília para entregar o documento para Dilma, diz ter ficado seis anos na fila de espera por um transplante de fígado e que teve de fazer a operação no Rio Grande do Sul.

O caderno também faz críticas às condições de saúde no Amazonas.

TERMINAIS PAULISTAS
Governo privatizará novos aeroportos

A presidente Dilma Rousseff decidiu entregar à iniciativa privada a construção e a operação dos novos terminais dos aeroportos paulistas de Guarulhos e de Viracopos, dois dos principais do País.

A medida faz parte de pacote que será baixado por meio de medida provisória, talvez ainda neste mês.

O texto inclui também a abertura do capital da Infraero (estatal responsável pela administração do setor aeroportuário) e a criação de uma secretaria ligada à Presidência da República para cuidar da aviação civil.

A equipe de Dilma já conversou com empresas como a TAM e Gol, que manifestaram interesse na construção e operação de novos terminais. O prazo da concessão deve ser de 20 anos.

O objetivo oficial do pacote é desafogar aeroportos que serão vitais para a Copa do Mundo de 2014. Assessores da presidente disseram que ela deu prazo de 15 dias para finalizar o texto.

Segundo a Infraero, o governo federal precisa investir R$ 5,5 bilhões nos aeroportos ligados às 12 sedes da Copa. A avaliação dentro do governo é que a estatal não terá condições técnicas para, sozinha, bancar esses projetos.

Era Lula

Durante o governo Lula, o ministro Nelson Jobim (Defesa) chegou a defender que a administração de todos os aeroportos fosse concedida à iniciativa privada.

A ideia foi rejeitada por Lula e pela então ministra Dilma. Ambos temiam o rótulo de privatizantes - o mesmo rótulo que o PT procurava impingir ao principal adversário na eleição, José Serra (PSDB).

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