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Diversificação aumenta renda no tabaco

O assunto foi discutido durante o Conecta Expoagro Afubra


Foto: Eliza Maliszewski

O tabaco é fonte de renda para cerca de 150 mil pequenos produtores brasileiros, em sua maioria localizados nos três Estados do Sul e que usam mão-de-obra familiar. Há tempos a atividade vem trabalhando com a diversificação para aumentar a sustentabilidade das propriedades nos sentidos econômico e do meio ambiente.

Iniciativas neste sentido já têm mais de três décadas e vão desde o plantio de grãos, hortaliças, frutas e ervas medicinais até a criação de gado leiteiro e pastagens. Somente o Programa Milho, Feijão e Pastagens, do SindiTabaco, representou incremento de R$ 634,2 milhões na renda dos produtores no ano passado. 

O assunto foi discutido durante o Conecta Expoagro Afubra, evento digital promovido pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), que ocorreu na última sexta-feira (19). Especialistas de diversos órgãos e entidades discutiram o cenário atual da agricultura familiar e avaliaram ações a serem implementadas para ampliar as possibilidades de renda e qualidade de vida.

Marcílio Drescher, tesoureiro da Afubra, comentou que a maioria dos associados da entidade é formada por produtores familiares e que a diversificação das propriedades sempre foi um dos fundamentos. “A fumicultura, como monocultura, não é uma segurança plena e ter atividades diversas dá mais segurança ao produtor, estabilidade e qualidade de vida”, ressaltou.

Ele destaca que não basta produzir, é preciso colocar no mercado e a produção tem que gerar renda. Uma das entraves para isso é a burocracia para implementar uma agroindústria. “Muitas vezes os produtores recuam quando esbarram em licenciamentos e adequações para a legalização. Somos a favor de qualidade e fiscalização devida, mas, essa dificuldade inicial com burocracia, é um problema a ser superado”, lamentou.

Algumas iniciativas e políticas foram apresentadas pelos painelistas. Cerca de 4 dos 5 milhões de estabelecimentos agropecuários do país são de pequenos agricultores como os fumicultores e são responsáveis por 25% de tudo o que o agro brasileiro produz. O secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Fernando Schwanke, ressalta que o governo tem trabalhado com incentivo à política de crédito, assistência técnica e comercialização, fomentando a sucessão rural.

“Nós ainda não conseguimos recolocar os produtores de tabaco dentro do Pronaf, mas conseguimos desvincular o Pronaf do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural). Assim, já é possível usar a renda do tabaco como garantia para financiamentos dentro do processo de diversificação”, anunciou.

Ainda há oportunidades de comercialização dos produtos no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), onde está sendo lançada uma linha de compras institucionais para produtos da agricultura familiar. O projeto Parcerias para Inovações nas Cadeias de Plantas Medicinais, Aromáticas, Bioativas e seus Derivados como Estratégia de Diversificação do Cultivo do Tabaco, implementado em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). “Já estão definidas nove plantas aromáticas para que se possa implementar a diversificação e que ela gere renda para o produtor”, contou.

O presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, disse que a extensão rural representa muito para o desenvolvimento sustentável do setor. “Apoiamos com infraestrutura, adequações sanitárias e comercialização, inclusive com a implementação do selo Sabor Gaúcho”, relatou. Em relação à burocracia, ele disse que o governo está trabalhando para a simplificação dos processos. “Os extensionistas oferecem auxílio em relação à burocracia e há mobilização para flexibilizar a legislação sem que isso prejudique o meio ambiente ou a qualidade dos alimentos”, afirmou.

Pedro Arraes, diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria de Agricultura Familiar do Mapa, explicou que o programa do governo federal prevê articulação com as empresas de extensão rural dos três estados do Sul para contribuir com a diversificação das áreas produtoras de tabaco. “Estão sendo feitos levantamentos sobre os potenciais de diversificação regionais”, comentou. 

Já o produtor rural Giovane Weber explicou que o agricultor pode e deve buscar qualidade de vida. Relatou que ele e sua esposa abandonaram o campo e foram para a cidade, onde ficaram cinco anos e concluíram que viveriam melhor na lavoura. Porém, ele disse que o entrave encontrado pelos produtores é a venda. “Agricultor pode produzir de tudo, mas a dificuldade é vender. Tem lugares onde a logística é muito ruim, longe, estradas ruins, e isso é um grande empecilho”, salientou.

Outra oportunidade pode estar no turismo rural, qualificado pelo representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala Gomez del Campo, como “um gigante adormecido”. O perfil de pequenas cidades e uma grande população rural pode ter potencial. “Turismo é uma grande oportunidade e devemos aproveitar o patrimônio agrícola e alimentar brasileiro para possibilidade de turismo rural nacional e internacional”, completou.
 

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