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Dívida limita acesso ao pacote agrícola


Após anos de críticas à escassez de recursos públicos para o financiamento de máquinas e implementos agrícolas, lideranças do setor elogiaram o pacote de R$ 107,5 bilhões que o Governo federal irá destinar à safra agrícola 2009/2010, mas ainda fazem coro ao apontarem a dívida acumulada como o principal gargalo para que o dinheiro chegue ao comprador do trator, da colheitadeira ou do implemento. Sem uma solução para um passivo que chegaria a R$ 140 bilhões, cujas várias renegociações ainda deixam o produtor rural inadimplente, o agricultor não consegue o crédito, e a potencial demanda existente pode não ser efetivada em negócios.

“É preciso fazer um novo escalonamento dessa dívida, porque ela é uma das pernas do tripé que ainda reúne a oferta de recursos e a demanda do produtor. Essas outras duas pernas vão bem com o plano de safra, porque os recursos são suficientes e a procura existe, mas as dívidas ainda impedem que haja um equilíbrio”, disse Gilberto Zago, vice-presidente de Máquinas Agrícolas da Anfavea.

De janeiro a maio deste ano, foram comercializados 15.394 tratores, queda de 3,2% sobre os 15.903 de igual período de 2008. Mas o perfil do setor mudou, com redução das vendas de veículos grandes e com o aumento dos pequenos, de até 75 cavalos de potência, faixa beneficiada por programas específicos, com juros subsidiados, dos governos federal, paulista e paranaense. As vendas de colheitadeiras despencaram 31%, se comparados os mesmos períodos. O cenário dessas máquinas agrícolas não deve mudar em junho, cujos resultados devem ser anunciados pela Anfavea na próxima semana.

Já o vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Francisco Maturro, tem posição radical quando à solução do endividamento do setor. “O plano de safra foi belíssimo, mas o crédito ao produtor segue travado por conta das dívidas passadas. Só mesmo o Governo assumindo esse passivo será possível mudar o cenário, que segue difícil”, disse Maturro.

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (GV Agro) e do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp acredita que a manutenção do cenário de estoques em baixa e de demanda aquecida, e o retorno do crescimento econômico no primeiro semestre de 2010, quando a safra brasileira será colhida, “dão condições excepcionais para o produtor brasileiro”.

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