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Dívidas agrícolas chegam a R$ 147 bilhões

Total foi apurado pela Comissão de Endividamento da Agricultura e Pecuária do Congresso


Total foi apurado pela Comissão de Endividamento da Agricultura e Pecuária do Congresso; débito seria a principal causa da redução da safra

O endividamento dos agricultores está desistimulando o setor e poderá comprometer a economia do país com a redução da produtividade na agropecuária. A análise é do deputado federal Nelson Padovani (PSC-PR), relator da Comissão de Endividamento da Agricultura e Pecuária no Brasil. Em recente visita à FOLHA, o deputado informou que a comissão fez um levantamento das dívidas dos agricultores e concluiu que o total é de R$ 147 bilhões.


De acordo com Padovani, o governo deveria olhar com mais atenção para o problema porque a agricultura contribui com 40% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. ''Nós precisamos ter a agricultura como carro-chefe porque as divisas para obras importantes do país vem das exportações'', justifica.

Segundo ele, a estimativa atual não é nada otimista, com a redução da produção da próxima safra de 162 milhões de toneladas para cerca de 150 milhões de toneladas. ''Considero que a redução da próxima safra é um problema de segurança nacional; esses agricultores precisam ter de volta o acesso ao crédito para que voltem a plantar e para que haja uma retomada da produção nacional'', recomenda.

A principal causa do endividamento dos agricultores seria a falta de um seguro agrícola para cobrir as despesas dos produtores quando há interferências climáticas na produção, como excesso de chuva, seca ou geadas e também a falta de preços para os produtos. ''O que está acontecendo se deve à falta de prevenção, que seria o fundo para catástrofes; por isso, o governo tem que entender que a ajuda aos endividados não é uma despesa e sim um investimento'', afirma.

Para o deputado, que é da bancada ruralista da Câmara, o Brasil precisa dobrar a sua produção agrícola nos próximos 10 anos. Segundo ele, isto é perfeitamente possível porque os Estados Unidos e a China têm uma área territorial apenas 10% maior que o Brasil e produzem cerca de 500 milhões de toneladas, ou seja, três vezes mais. ''Nós temos o dever de dobrar a produção agrícola porque temos extensão de terra, clima favorável, as melhores terras do mundo, os melhores plantadores e tecnologia, mas o governo precisa fazer a parte dele e abraçar esta causa'', sugere.


Padovani acrescenta que o Brasil é o único país do mundo que tem condições de ampliar a sua área de produção agrícola em 100 milhões de hectares, sem prejudicar a floresta amazônica.

Entre os produtores endividados, os considerados pequenos são os que precisam de uma atenção com maior urgência ainda por parte do governo federal. Há um estudo para que os agricultores com dívidas de até R$ 25 mil tenham 10 anos de prazo para quitar seus débitos com juros de 2% ao ano. A adoção desta medida depende de um parecer favorável do Conselho Monetário Nacional.

Denúncia

Outro problema que está prejudicando a produção agrícola do país atualmente, segundo o deputado, são as desapropriações de terras produtivas para ocupações indígenas. Hoje, há 135 processos de desapropriações em todo o país. ''Nós sabemos que a população indígena no Brasil não chega a 1%, mas eles tem 16% de toda área de terras do país'', afirma.

Padovani afirma que ossadas de índios são transferidas para terras produtivas, com a ajuda de antropólogos, para comprovar que as áreas pertenciam a eles. Entretanto, depois que tomam posse, as terras são arrendadas para os próprios agricultores que perderam suas propriedades. ''Os índios não querem mais terras; o que eles precisam é de remédios, de escolas para seus filhos, de alimentos e de qualidade de vida'', afirma.

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