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Dívidas trabalhistas ameaçam embarque de soja em Paranaguá


Justiça ordena sequestro da conta bancária do órgão responsável pelo pagamento dos salários dos 2,8 mil trabalhadores do Porto de Paranaguá

O escoamento da supersafra de soja – estimada em mais de 80 milhões de toneladas no país e em 15 milhões no Paraná – corre o risco de ser interrompido antes mesmo de engrenar. Com um número crescente de navios ao largo, que na segunda-feira (18) chegou a 96 devido às chuvas, o Porto de Paranaguá pode ter suas operações paralisadas a partir de terça-feira por causa das dívidas trabalhistas do Órgão Gestor de Mão de Obra do Trabalhador Portuário e Avulso (Ogmo). 


O Ogmo está prestes a ter seu saldo bancário total sequestrado por decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), fruto da não quitação da dívida de R$ 6 milhões proveniente de ações trabalhistas executadas em fevereiro. As tentativas de acordo não deram certo.

Os salários dos 2,8 mil trabalhadores do porto são pagos às quartas-feiras pelo Ogmo, responsável pela escala dos operadores. Sem pagamento, os trabalhadores ameaçam cruzar os braços. O dinheiro entra nesta terça-feira na conta do órgão.

“Não temos como pagar [as ações trabalhistas]. O arresto do Banco Central pode acontecer a qualquer momento. Caso ocorra, quando os trabalhadores descobrirem que o salário não foi depositado, haverá paralisação e a coisa pode ficar ainda pior”, afirma o diretor executivo do Ogmo, Hemerson Costa. “Caso não ocorra nesta quarta-feira [amanhã], não passa do dia 27”, diz Edson Cezar Aguiar, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Paraná (Sindop).

A entidade calcula que a dívida trabalhista chegue a R$ 186 milhões até o final deste ano e salte para R$ 300 milhões em 2014. O Ogmo chegou a oferecer a própria sede como garantia, o que não foi aceito pelos autores das ações trabalhistas. “[O pagamento] é economicamente inviável. O montante é quase três vezes o que passa pelos cofres do Ogmo no ano [cerca de R$ 70 milhões]”, argumenta Costa.


Os seis sindicatos que representam os trabalhadores avulsos aguardam com apreensão o desfecho da situação. De acordo com o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná, Antonio Carlos Bonzato, as entidades são contra a “enxurrada de ações”. Ele alega que o fato foi promovido por advogados que “vendem ilusão”.

Por outro lado, Bonzato afirma que a falta de pagamento irá resultar no cruzamento dos braços das categorias. “Quem que vai trabalhar de graça? O pessoal vai ser escalado, mas ninguém vai trabalhar (…) Isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.”

Uma alternativa para minimizar o problema com as dívidas trabalhistas seria triplicar o custo do carregamento, segundo o Ogmo. Porém, a medida provocaria migração de clientes para outros portos, o que Paranaguá quer evitar.

Dos 96 navios que esperavam para atracar ontem, 73 eram graneleiros. Outros 26 são aguardados até amanhã. A colheita de soja e milho chega à metade no país e a 60% no estado.

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