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Do garimpo à granja

Antigos garimpeiros de Nortelândia investem na produção de frango caipira


Antigos garimpeiros de Nortelândia que se tornaram agricultores familiares investem na produção de frango caipira

Conhecido no passado pelo sucesso do garimpo, em função da atividade mineradora em épocas áureas da extração de diamantes, o município de Nortelândia (253 Km a médio norte de Cuiabá) vive uma nova realidade a partir de investimentos do poder público na agricultura familiar. Depois da escassez das pedras preciosas, antigos garimpeiros passaram a se ocupar da agricultura de subsistência porém, sem ter uma rentabilidade garantida. Para mudar este cenário, há pouco mais de dois meses, um grupo formado por oito produtores rurais assentados se uniu para criar e abater e galinhas caipiras.


Cada um destes pequenos produtores construiu aviários com capacidade para alojar 500 pintainhos com abate programado em intervalos de 90 dias. São lotes de 4 mil frangos por período. Depois do abate são embalados, congelados e comercializados com um selo de inspeção sanitária animal do município, obedecendo todas as normas e regras de higiene e segurança alimentar. Foi construído no assentamento Raimundo Rocha um abatedouro próprio respeitando as normas da inspeção, com acompanhamento diário de um médico veterinário contratado especialmente para garantir o correto manuseio da cadeia produtiva.

A comercialização junto ao comércio local fica por conta da Cooperativa Agropecuária Mista do Vale do Rio Sant"Ana (Coopermisa), criada com incentivo da prefeitura municipal, por meio de um trabalho de conscientização junto aos produtores, demonstrando a necessidade de união da classe produtora.

De acordo com o prefeito, Neurilan Fraga, o município chegou a ter 12 mil habitantes, hoje este número está em torno de 6.400. Muita gente foi embora para outras cidades por falta de trabalho. Agora, com investimento na agricultura familiar e emprego e renda garantidos este quadro já começa a mudar.

A expectativa é que cada produtor tenha um lucro inicial de R$ 2 mil por lote abatido, contudo, a lucratividade deve aumentar em poucos meses, assim que o empreendimento se consolide. Além de comercializar o frango inteiro e embalado, também deverá ser produzido pacotes com cortes específicos (peito, asas, coxas, coração, moela, fígado), agregando valor e aumentando a rentabilidade.


A produtora rural Adriana Rosário, 39, que vive com seu filho José Henrique, 13, em uma propriedade no assentamento Raimundo da Rocha, onde moram outras 194 famílias, faz parte do grupo de criadores de galinha caipira. Ela diz que decidiu investir no negócio por acreditar na possibilidade de obter uma renda melhor com a criação de aves. Antes sua única fonte de renda era o leite. "Nesta semana, realizei meu primeiro abate, o projeto é muito bom e a minha expectativa é de que vai dar certo. O fato de estarmos organizados facilita tudo, pois todos participam do trabalho".

O assentado Gilmar Faria, que já teve animais abatidos este ano e já obteve os primeiros lucros, se diz animado. "Estamos satisfeitos por termos nosso produto comercializado nos mercados de Nortelândia, mas se conseguirmos autorização por parte do Indea para vendermos em todo o Estado será uma felicidade para todos nós que acreditamos neste projeto". O frango caipira, depois de abatido, é vendido para a Coopermisa pelo valor de R$ 6,00, que revende para os mercados locais por R$ 11,00.

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