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Dólar dá sequência a desvalorizações recentes ante real

Às 11:19, o dólar recuava 0,61%, a 5,0936 reais na venda


Foto: Pixabay

O dólar caía ante o real nesta terça-feira, tendo como pano de fundo movimento similar no exterior, enquanto no plano doméstico a saúde fiscal do Brasil e o início da reunião do Copom atraíam atenções num contexto de recuperação da divisa brasileira de um mês para cá.

Às 11:19, o dólar recuava 0,61%, a 5,0936 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez perdia 0,18%, a 5,0910 reais.

Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário fechou estável, a 5,1249 reais na venda, mas chegou a tocar mínimas em quase seis meses durante a sessão, depois de ter acumulado perda de 3,77% na semana passada e de 6,82% em novembro.

“A suposição inicial é de que houve incremento no fluxo cambial, mas esta não é opção única para a persistência da depreciação do dólar ante o real”, disse em nota Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO Corretora.

“(A depreciação) pode decorrer de movimento orquestrado pelos bancos que têm em perspectiva liquidar ao longo do mês operações de ‘overhedge’ da ordem de 16,0 bilhões de dólares (...) assim como eventual efeito da ação do BC atuando com oferta adicional diária de contratos novos de swaps cambiais ou mesmo operação desmonte de posições no mercado de câmbio futuro.”

No final do mês passado, o Banco Central aumentou o volume ofertado em seus leilões de rolagem de swap cambial tradicional, para um ritmo que, se mantido até o fim do mês de dezembro, representará colocação líquida de dólares no mercado futuro. A iniciativa já havia sido sinalizada pelo BC diante da expectativa de compra bilionária de dólares na virada do ano relacionada ao overhedge.

O overhedge é uma proteção cambial adicional adotada por bancos que deixou de ser interessante depois de mudanças, anunciadas no começo do ano, em regras tributárias. Desfazer o overhedge implica compra de dólares, movimento em curso desde os primeiros meses do ano e que, segundo analistas, tem grande peso na disparada de 26,9% da moeda em 2020.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em abril e agosto de 2021.

Enquanto isso, Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, disse à Reuters que a desvalorização da moeda norte-americana nesta terça-feira refletia sinalizações recentes da equipe econômica a favor da responsabilidade fiscal, dando alívio temporário aos mercados, que temem que o teto de gastos seja furado em 2021.

No entanto, “enquanto não houver avanços concretos (em direção à manutenção das contas públicas), o mercado vai continuar preocupado com o cenário fiscal”, alertou.

Ela completou a fala dizendo que a movimentação cambial desta manhã dava sequência ao ajuste iniciado nas últimas semanas, com uma melhora na previsibilidade dos cenários macroeconômicos ajudando o sentimento de investidores.

Esse alívio tem sido atribuído por analistas ao progresso em direção a uma ampla distribuição de vacinas contra a Covid-19 e à vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais norte-americanas, em meio também à perspectiva de mais estímulos econômicos nos Estados Unidos.

Mas incertezas representadas pela renovação de tensões EUA-China entraram no radar dos mercados nesta semana. Depois que os Estados Unidos anunciaram sanções contra autoridades chinesas, o país asiático prometeu nesta terça-feira retaliação “recíproca”.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas tinha ligeira queda de 0,07%.

Esta terça-feira é o primeiro dos dois dias da reunião de política monetária do Banco Central do Brasil, com expectativa de que a taxa Selic permaneça inalterada pela terceira vez consecutiva e possibilidade de que a autarquia indique o início de um ciclo de aperto a partir do segundo semestre de 2021.

O patamar dos juros básicos em uma mínima histórica de 2% tem sido apontado por analistas como um dos fatores que ajudou a impulsionar o dólar em 2020.

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