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Dólar menor atrapalha exportadores de carnes

Desvalorização da moeda norte-americana agrava cenário para carnes, que já apresentava retração


A queda do dólar, que se acentuou nos últimos 60 dias, agravou a situação de exportadores de carnes, que já enfrentavam dificuldades devido à retração de demanda e ao preço em mercados importantes como Japão, União Europeia e Rússia. A avaliação de executivos do setor industrial é que o cenário deve se deteriorar frente à perspectiva de novas baixas da moeda norte-americana, que voltou a ser cotada abaixo de R$ 1,90 na semana passada, após chegar a R$ 2,40 no estopim da crise financeira. A valorização em dólar permitia às empresas receber mais em real.

Com a conjunção de fatores, a receita cambial do setor suinícola gaúcho no primeiro semestre foi 104 milhões de dólares menor do que no mesmo período de 2008, o equivalente a R$ 200 milhões a menos nos caixas das empresas, segundo levantamento do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips). "O custo de matéria-prima se manteve e outros fatores, como mão de obra, energia e embalagem, subiram. Temos fluxo de negócios, volumes ligeiramente superiores, mas a que preço?", questiona o diretor executivo do Sips, Rogério Kerber. Ele acrescenta que as exportações – que correspondem a 45% da produção mensal gaúcha, de 50 mil t – cresceram no período, especialmente no primeiro trimestre. Porém, trata-se de embarques não realizados em 2008.

O setor avícola, com 64% da produção destinada à exportação, está em alerta. Segundo o secretário executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, a receita cambial entre janeiro e junho deste ano caiu 110 milhões de dólares em relação a igual período de 2008, o que representa 13% a menos. O volume embarcado cresceu 1,1% e chegou a 392 mil t. "O setor precisa de medidas tributárias que amenizem os custos das empresas", diz.

Conforme o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Francisco Turra, dificilmente as empresas conseguem repassar o custo extra para os preços cobrados no exterior. O resultado é que o lucro está cada vez menor e a capacidade de oferecer produtos baratos diminuirá, o que poderá frear projetos de ampliação. "A sinalização é de queda ainda maior no dólar e nenhuma reação de preço", afirma Turra.

Os efeitos são sentidos também por frigoríficos de carne bovina, mesmo que sejam responsáveis por volumes reduzidos, em torno de 8 mil t por mês, o que representa 20% da produção. As indústrias sofrem outro efeito negativo: devido à dificuldade de exportar, cortes nobres foram direcionados para o mercado interno, onde também houve queda de preço, de acordo com o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Ronei Lauxen.

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