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É preciso cautela sobre o uso do Dicamba, diz vice-presidente da Farsul

Câmara Setorial da soja discute uso do Dicamba


Foto: Marcel Oliveira

Nesta quarta-feira, a Câmara Setorial da Soja discutiu o uso do Dicamba no Rio Grande do Sul. De acordo com os dados divulgados pela Secretaria da da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), a possibilidade de haver a utilização do herbicida hormonal Dicamba na atual safra, que contará pela primeira vez com uma variedade de soja tolerante ao agrotóxico, motivou a realização de uma reunião extraordinária da Câmara Setorial da Soja .

“A Secretaria está atenta às reivindicações do setor produtivo e, desde 2019, já publicou várias Instruções Normativas regulamentando o uso dos defensivos no Estado. Esta reunião na Câmara vem para dar voz, vez e oportunidade para que todos os representantes do setor possam se manifestar numa discussão técnica sobre a utilização do Dicamba e o fornecimento de insumos e fertilizantes no Rio Grande do Sul”, disse o secretário adjunto Luiz Fernando Rodriguez no início da reunião.

O vice-presidente da Aprosoja/RS, Luís Fernando Fucks, manifestou a preocupação da entidade sobre a utilização do Dicamba nesta safra no Estado. “Em visita técnica nos Estados Unidos, em 2018, foi observado que o Dicamba tem um grau de volatilidade muito alto, causando injúria na soja e se estendendo em múltiplas direções, devido à deriva. O temor da Aprosoja é que não temos cobertura de seguro para essa questão”, detalhou.

O gerente técnico de soja para a América Latina da Bayer, Matheus Palhano, esclareceu que, desde 2018, a formulação do produto passou por alterações para evitar a volatilidade em até 85%. “Glifosato continua sendo o produto principal para o manejo da lavoura de soja. O Dicamba atua no pré-plantio para áreas que realmente necessitem deste produto, para controle de buva, corda-de-viola e caruru. É uma utilização pontual, em situações específicas”, destacou.

Para o vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, é preciso observar e ter cautela sobre o uso do Dicamba no Estado. “Mas não creio que a quantidade de lavouras de soja que o utilize será representativa esta safra”, avaliou. Esta percepção foi confirmada por um levantamento apresentado pelo chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários da SEAPDR, Rafael Lima. De janeiro a setembro de 2021, foram comercializados 30.948 litros de Dicamba no Rio Grande do Sul, a 469 usuários distintos. A maior parte das aquisições foi de menos de 100 litros do produto. “A nosso ver, o produtor ainda está testando sua eficácia no manejo da lavoura”, pontuou Rafael.

Com os dados levantados, a Divisão fez um monitoramento com os produtores sobre a aplicação do Dicamba. “A bula do produto indica categoria de gotas extremamente grossas ou ultra grossas para sua aplicação, o que necessita de pontas específicas. No nosso monitoramento, identificamos que os produtores não estão sendo orientados sobre a ponta adequada para a aplicação do produto”, alertou. Outra questão identificada pelo levantamento foi a falta de conhecimento do próprio responsável técnico sobre o produto: receitas agronômicas indicavam o uso do Dicamba para combater ervas daninhas que contam com outros princípios ativos à disposição no mercado.

Sobre este assunto, a Câmara Setorial determinou os seguintes encaminhamentos: solicitação para que a Bayer conduza mais estudos sobre o uso do Dicamba no Brasil, junto à Embrapa ou outras entidades de pesquisa; atualização das bulas com informações sobre as pontas de aplicação homologadas; necessidade de ampliar capacitação de produtores e aplicadores; inserção do uso do Dicamba como pauta da próxima reunião da Câmara Setorial Nacional da Soja; e encaminhamento de ofício aos conselhos profissionais dos responsáveis técnicos por prescreverem esse tipo de produto, para que promovam treinamentos entre seus associados.

A reunião foi convocada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), a pedido da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/RS). Os dados são da Seadpr.

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