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Economista aponta tendência de acomodação de índices gerais de preços

Segundo Quadros, a dúvida reside nos produtos agrícolas


O resultado do Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que teve variação de 0,38% em agosto, representa uma volta ao nível anterior à explosão de inflação observada do segundo semestre do ano passado para cá. A afirmação é do coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, Salomão Quadros. Divulgado hoje (18) pela FGV, o índice é calculado com base nos preços apurados entre os dias 10 do mês anterior e 11 do mês de referência.


Em entrevista à Agência Brasil, Quadros considerou a taxa de agosto relativamente baixa e disse que ela representaria inflação de cerca de 4% ao ano. O economista afirmou que essa era a variação média até o primeiro semestre do ano passado, mas destacou que é preciso observar se será mantida no restante do segundo semestre.

Para ele, a tendência é de acomodação: “Acho muito provável que a taxa permaneça em um nível bem mais baixo”. A desaceleração do IGP deve-se à agricultura e também aos produtos industriais, que se acham em processo gradual de retração. “Ainda tem espaço para os produtos industriais desacelerarem um pouco mais. Isso pode contribuir para que, nos próximos meses, o IGP-10 venha se manter ou até baixar um pouco.”

Segundo Quadros, a dúvida reside nos produtos agrícolas. “As commodities [produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional] agrícolas estão numa fase muito favorável, do ponto de vista da inflação”, disse o economista. No entanto, só a partir da metade do segundo semestre, será possível ver com mais clareza se o processo de queda é sustentável ou se pode haver nova pressão, observou.


Quadros lembrou que a demanda mundial por produtos agrícolas não baixou. “Não há uma recessão mundial. Não há nada disso.” O quadro de oferta limitada diante da demanda não mudou e ainda levará algum tempo para que isso ocorra “O que ainda pode trazer algum tipo de oscilação para o IGP é alguma ocorrência em mercados agrícolas no mundo todo”, acrescentou Quadros, que não vê perspectiva de se repetirem as taxas registradas nos últimos três meses, acima de 1,5% e próximas de 2%.

Quanto aos produtos industriais, o economista disse que eles têm a favor da desaceleração a queda do preço do petróleo e a possível retração da economia mundial, com tendência forte de redução agora também na Europa. “Isso pode fazer com que a demanda por vários produtos industriais, como químicos e minérios, fique um pouco mais controlada. A desaceleração dos produtos industriais não acabou. Ela vai avançar. E isso vai ajudar a segurar os IGPs.”

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