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Editorial: Seca e produção

O momento é favorável a Mato Grosso e seu agronegócio precisa aproveitá-lo


Fatores climáticos reduzirão a safra das principais commodities agrícolas no Paraná. A prolongada estiagem em novembro e dezembro que atingiu aquele Estado e os vizinhos Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também prejudica a pecuária e a agroindústria paranaenses e da região Sul de modo geral.


O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná estima que a lavoura de milho da safra de verão terá quebra de 14% no comparativo com a hipotética produtividade sem adversidade climática. Nos outros estados do Sul o cenário é muito parecido. Pior: o calendário agrícola não permite readequações e somente na próxima safra – desde que os fatores climáticos não atrapalhem – será possível retomar a produção nos parâmetros daquela região onde está em funcionamento a base estrutural dos abates de aves e suínos.

Frustrar a produção de milho e soja no Sul significa reduzir o fornecimento de matéria-prima daquela região para as granjas, piscicultura e a pecuária nos estados sulinos. Num país pequeno situação assim levaria o governo a importar tais produtos, sob pena de se colocar em risco a política nacional de segurança alimentar. Felizmente, no Brasil o cenário é outro.

Bem distante a área crítica da estiagem no Sul, Mato Grosso leva adiante seu calendário agrícola que responde pela maior produção nacional de soja e algodão, e que lhe assegura a liderança no cultivo do milho safrinha. Na esfera comercial o problema que afeta os três estados abre oportunidade de maior lucratividade ao produtor mato-grossense com base na lei da oferta e da procura.

Enquanto autoridades, lideranças ruralistas, empresas da agroindústria e produtores do Sul buscam alternativas para assegurar o funcionamento das granjas e dos frigoríficos, Mato Grosso está iniciando a safra de milho safrinha. Este momento tem que ser aproveitado para expansão da lavoura do milho, já que por injunções alheias ao mercado surgiu importante nicho de mercado para esse cereal na região sulina, sobretudo em Santa Catarina, que até então se abastece no Rio Grande do Sul e Paraná.


O momento é apropriado – e o prazo é curto – para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famato), Rui Prado, mobilizar o setor produtivo de modo a aumentar a produção objetivando o mercado sulino, sem prejuízo às demais vendas internas e a exportação.

Essa sugerida mobilização tem que se feita pela Famato, porque o enfoque da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do governo é na agricultura familiar.

O momento é favorável a Mato Grosso e seu agronegócio precisa aproveitá-lo. O cenário que surgiu com a seca no Sul mostra o quanto é importante a economia rural mato-grossense – principalmente para a segurança alimentar brasileira – que é sempre satanizada por figuras que somente conhecem produção de grãos quando ela chega ao seu prato.

O momento é favorável a Mato Grosso e seu agronegócio precisa aproveitá-lo.

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