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Efeito das mudanças climáticas em café foi tema de projeto na Embrapa

A cafeicultura se mantém como uma importante cultura da economia brasileira


Foto: Pixabay

O café, também conhecido como ouro verde, é uma paixão mundial. Presente na rotina de milhões de famílias brasileiras, foi celebrado mundialmente no dia 14 de abril, Dia Mundial do Café. A cafeicultura se mantém como uma importante cultura da economia brasileira.

A Embrapa Meio Ambiente fez um estudo sobre medições de gases de efeito estuda em um projeto pioneiro no Brasil - o experimento FACE (Free-Air Carbon Dioxide Enrichment), o primeiro na América Latina e o primeiro no mundo com café foi instalado na área do seu campo experimental, para avaliar os impactos do aumento da concentração de dióxido de carbono do ar e disponibilidade de água na cultura do café e para analisar a vulnerabilidade e elaborar medidas de adaptação da cultura às mudanças climáticas.

O Projeto FACE foi o primeiro passo da pesquisa brasileira para medir os impactos das mudanças climáticas sobre doenças, pragas e plantas invasoras de importantes culturas para o agronegócio brasileiro, utilizando como estudo de caso, o café.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Eunice Reis, cafeeiros cultivados durante 5 anos no sistema FACE apresentaram grande plasticidade fenotípica investindo em estruturas reprodutivas ou vegetativas de acordo com o impacto de fatores ambientais como alta luminosidade, temperaturas elevadas e irrigação. 

“De forma geral, os cafeeiros cultivados sob maior concentração atmosférica de CO2 mantiveram a assimilação fotossintética sem aclimatação, porém houve atraso na floração e, por consequência, a proporção de frutos verdes foi maior”, diz Eunice.

Comparando-se cafeeiros irrigados e não irrigados, aqueles que foram cultivados sob elevado CO2 fizeram maiores investimentos em estruturas reprodutivas na estação chuvosa, mitigando assim os impactos negativos impostos pela restrição hídrica severa do período anterior. 

Conforme a pesquisadora, uma análise mais detalhada dos diferentes extratos do perfil vertical dos cafeeiros, mostrou que folhas de diferentes extratos respondem de diferentes maneiras às flutuações de luminosidade, de temperatura atmosférica e de disponibilidade hídrica, sendo que folhas de extratos mais altos são duramente afetadas. 

No entanto, os efeitos negativos resultantes de fatores ambientais são compensados quando os cafeeiros tem maior disponibilidade de CO2. Em nível metabólico, alterações das concentrações de compostos primários, especialmente açúcares, lipídios e fenólicos foram detectadas tanto nas folhas de cafeeiros jovens em resposta ao CO2, quanto em grãos de cafeeiros adultos, em resposta tanto à variação de CO2 quanto à disponibilidade hídrica. 

Em relação à fitossanidade da planta, os estudos foram conduzidos pelos pesquisadores Wagner Bettiol, Kátia Nechet, Jeanne Scardini e Nilza Patrícia, que verificaram que o aumento de CO2 não alterou a ocorrência e a severidade das duas principais doenças do cafeeiro, a ferrugem e a cercosporiose. Além disso, houve redução da incidência do bicho-mineiro em períodos de pico de incidência da praga. Também foi constatado o aumento da frequência de plantas daninhas C3, principalmente picão (Bidens pilosa) em relação ao original e redução de C4 (Braquiária). Para os pesquisadores o aumento de CO2 não irá alterar os problemas fitossanitários atuais do café, e pode até ser desfavorável ao bicho-mineiro. "Há uma tendência também de alteração no manejo de herbicidas para equilíbrio de C3 e C4”, diz a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Katia Nechet.

Rodrigo Mendes, chefe de P&D da Embrapa Meio Ambiente, destaca que experimentos do tipo FACE se tornaram populares pelo mundo para a avaliar os impactos do aumento da concentração dióxido de carbono atmosférico em cultivos agrícolas como consequência das mudanças climáticas.

Importância

O Brasil aparece como o segundo maior consumidor de café e mesmo com a crise econômica derivada da pandemia por conta da Covid-19, a procura por café aumentou em 1,34% e, segundo a Embrapa, a demanda de sacas do produto em 2021 deve chegar a 25 milhões.

São consumidas mais de 400 bilhões de xícaras no Brasil. No mundo, o café é a segunda bebida mais consumida, ficando atrás somente da água. 

O café faz parte da história mundial e contribui, diariamente, ao bem-estar da população. Seja puro, pingado com leite, premium, expresso, em cápsulas ou misturado com outros ingredientes, o café faz parte da nossa rotina. Seja na economia, seja na gastronomia, seja na geração de empregos e renda que a cafeicultura gera, ele merece ser celebrado.

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