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Eficiência no campo e vendas estratégicas

Produtor norte-americano mitiga os riscos e se mantém atento ao mercado global


Atuação constante no mercado de commodities agrícolas faz do produtor norte-americano essencialmente um homem de negócios

Chicago (EUA) - Extremamente secas, as plantações de milho e soja dos Estados Unidos estão mais do que prontas para a colheita. Seguidas o tempo todo por tratores e caminhões que levam os grãos para armazéns ou diretamente aos portos, as colheitadeiras percorrem o campo a 8 km/h – um terço mais rápido que no Brasil – num clima de pressa e expectativa. Em dez dias, se não houver chuva, a tarefa deve ser encerrada – época em que ainda restava um terço da safra no campo no ano passado. Apesar de toda essa agitação e de quebras de até 10% na produtividade, os agricultores mostram-se bem mais tranquilos do que na temporada 2009. A produtividade está dada, as cotações apresentam altas sustentáveis. Em Indiana, Illinois, Iowa e Minnesota, principais estados produtores de grãos, os agricultores relatam que sua renda depende desse mercado. Com estratégias de venda que asseguram preços e permitem reposicionamentos quando as tendências se invertem, tentam ampliar os resultados desta safra.

A eficiência no campo se completa com a atuação estratégica no mercado, dizem os especialistas. “O produtor norte-americano segue postura ativa. Adota alternativas de venda complexas, com contratos de seguro que pode limitar lucros, mas que evitam perdas quando as cotações caem”, afirma Tatiane Miglorini, executiva da Price Futures Group. Brasileira de Francisco Beltrão, no Paraná, ela foi contratada há um ano pela consultoria, que funciona no prédio da Bolsa de Chicago (CBOT), para dar resposta ao crescente interesse dos produtores brasileiros pelos menos tipos de negócios. Na falta de liquidez na BMF&Bovespa, a CBOT continua atraindo produtores e especuladores do mundo todo interessados no mercado das commodities agrícolas, relata.

O produtor norte-americano mitiga os riscos e se mantém atento ao mercado global para identificar, a qualquer momento, as novas oportunidades de negócios, afirma o economista Fred Seamon. Diretor de Desenvolvimento de Produtos da CBOT, ele observa que essas oportunidades surgem em meio ao que chama de sinergia Norte-Sul, que põe o Brasil em evidência logo que termina a safra nos EUA. Em sua avaliação, a ampliação da demanda internacional vai permitir o crescimento da produção de grãos nas Américas.

Os produtores norte-americanos historicamente enfrentam queda nos preços no auge da colheita, pela pressão da oferta de mais de 300 milhões de toneladas de milho e 90 milhões de toneladas de soja. Mas não é o que vem ocorrendo nos últimos anos, seja pela atuação dos fundos especulativos no mercado das commodities agrícolas ou por fatores como o aumento real da demanda e a quebra na produção. As cotações parecem de entressafra.

Os especialistas calculam que mais de 40% dos produtores norte-americanos atuam no mercado de ativos, proporção perto de dez vezes maior que a estimada para o Brasil. Eles afirmam que essa diferença está diminuindo gradualmente, apesar do apego do produtor brasileiro ao mercado físico.

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