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Emater-MG incentiva o uso de adubação verde nas lavouras

A técnica utiliza matéria orgânica, gerada a partir do cultivo de plantas, para adubar o solo


Em um mundo cada vez mais necessitado de ações que valorizem a preservação ambiental, a adubação verde, uma das variedades de adubação orgânica, tem-se firmado como uma opção para o cultivo de variadas lavouras. A técnica utiliza matéria orgânica, gerada a partir do cultivo de plantas, para adubar o solo, diminuindo ou eliminando o uso de fertilizantes químicos. Vantagem para o meio ambiente, o produtor e o consumidor dos alimentos produzidos no campo.

“A diferença no uso deste método em relação aos adubos industrializados é devido à forma natural e renovável. Se o mundo todo usasse adubação verde, diminuiria a poluição do meio ambiente” garante Afrânio Otávio Nogueira, extensionista do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) em Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A adubação verde pode ser feita de duas maneiras, uma delas é o plantio das sementes de leguminosas ou gramíneas em meio às lavouras permanentes, como é o caso dos milharais. Depois de crescer e florir, as plantas são roçadas e deixadas no terreno para se transformarem em adubo natural. Outro método é o plantio direto, em que primeiro se plantam as sementes e depois em cima da palhada são cultivadas outras culturas, como as hortaliças.

O adubo verde feito com plantas leguminosas como o feijão guandu, mucuna, crotalárea, entre outras, possui um benefício extra; maior fixação de nitrogênio no solo. Isso porque as leguminosas são capazes de fazer uma associação com bactérias próprias para fixar o nutriente. Com o solo rico em nitrogênio, há um grande aumento na produtividade. “Quanto mais nitrogênio, mais a planta produz”, fala o extensionista Afrânio, ao lembrar também que, com essa adubação natural cai o custo da produção. “Isso baixa o custo para o agricultor na compra de adubo nitrogenado, porque muitas vezes ele não vai precisar comprar”.

Afrânio Nogueira diz ainda, que são inúmeras as vantagens de usar adubo verde. “Com esse método, o solo ganha mais infiltração e retenção de água, fica mais poroso devido às raízes e diminui a erosão. Também aumenta a vida útil e o teor de matéria orgânica”. Outras vantagens, segundo o técnico, são: proteção contra o impacto das chuvas e da irradiação solar direta, controle de pragas e de doenças nas lavouras, além da inibição do crescimento de mato.

De acordo o coordenador técnico estadual de Agroecologia da Emater-MG, Fernando Casimiro Tinoco, o método “é uma ferramenta auxiliar em qualquer sistema de produção, seja ele orgânico ou convencional”. Porém, ele esclarece que só esse tipo de adubo não é o suficiente para suprir todos os nutrientes que a planta necessita, sendo preciso a introdução de adubos adicionais.

Para incentivar o uso deste método, a Emater-MG aderiu ao programa Banco Comunitário de Produção de Sementes de Adubo Verde do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A Emater-MG tem participado do trabalho em mais de 90 municípios mineiros, nos períodos 2007/2008 e 2008/2009. Por meio de técnicos, devidamente capacitados pelo Ministério, a empresa faz o cadastro dos produtores interessados e os orienta na utilização da técnica.

As sementes são distribuídas pelo Mapa. Segundo Tinoco, essas sementes são plantadas para produzir mais sementes e formar o banco (unidades produtivas), para depois estender o benefício a mais produtores. Só no período 2008/2009, o programa beneficiou 53 agricultores de 25 comunidades rurais mineiras, em 45 municípios, de acordo o coordenador da Emater-MG.

Adubação verde comunitária

Ana Lúcia Fernandes Pereira, produtora e presidente da Associação Comunitária do Bom Fim (Asbon), da Fazenda Comunitária Bom Fim, em Três Marias, na região Central do Estado, atesta que a adubação verde trouxe o diferencial que os associados buscavam. Ela relembra que as terras estavam com pouca produtividade, muitos agricultores estavam desistindo de plantar e outros já tinham ido embora.

A produtora e mais alguns agricultores resolveram se associar para buscar formas de reverter essa situação. Eles desejavam algo que trouxesse produtos melhores e com mais qualidade de vida tanto para a comunidade quanto para o meio ambiente. Foi aí que tiveram acesso à técnica da adubação verde. “A associação entrou nessa de peito aberto, o grupo é muito animado, a Emater deu total apoio. O solo ficou excelente, uma empresa de máquinas agrícolas emprestou o maquinário para preparar a terra e nós plantamos dois hectares de milho orgânico”, disse Ana Lúcia.

Desde a iniciativa do grupo há dois anos, os resultados alcançados foram muitos. Agora a expectativa é a colheita de 3.500 quilos de milho orgânico. O projeto ganhou tanta visibilidade que a Emater-MG homenageou a associação com um certificado de organização social e contribuição para o meio ambiente.

A associação do Bom Fim já tem novos planos com a adubação verde. Com o empenho da equipe, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) doou mudas de morangos orgânicos e material para irrigação. Além disso, uma empresa local reservou a compra de todo o morango que será produzido, gerando mais renda, já que o preço do produto orgânico tem 30% a mais de valor agregado. Para obter esse benefício, a associação busca agora o selo de certificação de orgânicos, que atesta a qualidade.

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