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Embargo russo à carne de SC completa um ano e meio

A venda de suíno, de 2005 para 2006, teve queda de R$ 314 milhões


Santa Catarina completou nessa terça-feira (12-06) 18 meses sem exportar carne suína para a Federação Russa. No ano passado, até foram computados alguns envios, 36 mil toneladas, mas com data de embarque anterior a 12 de dezembro de 2005, quando iniciou o embargo.

No ano passado, o valor das exportações foi de US$ 72 milhões, contra US$ 386 milhões de 2005. Foram US$ 314 milhões que deixaram de circular em SC, provocando uma crise no setor produtivo. O preço base do quilo do suíno caiu de R$ 2 para R$ 1,55. O resultado é que alguns produtores pararam ou diminuíram suas criações.

O suinocultor Nelson Riva, de Chapecó, chegou a ser modelo na utilização de serragem como piso. " Veio gente da Europa visitar a criação e apareci até no Globo Rural".

O produtor teve que vender a criação de 750 suínos, pois não tinha retorno financeiro. A única coisa que sobrou foi o dejeto que vendeu como adubo. Com o dinheiro, o suinocutor vai reformar as instalações e aguardar uma reação no mercado. "Se melhorar o preço eu retomo a criação, senão, paro definitivamente".

Suspensão da compra criou desequilíbrio no mercado

Riva, que é presidente do Núcleo de Criadores de Suínos de Chapecó, disse que as exportações para a Rússia tiveram um período bom no início, mas depois os embargos causaram desequilíbrio entre oferta e demanda. Os produtores aumentaram a produção e, com os embargos, sobrou suíno, derrubando os preços. A esperança é de melhora com a conquista de mercados mais seguros, como União Européia e Japão.

O diretor de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, Roni Barbosa, disse que não há motivo técnico para a Rússia não comprar de Santa Catarina. O Estado tem a melhor condição sanitária do país, reconhecida recentemente pela Organização Mundial de Sanidade Animal, através do Certificado de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação. Barbosa acredita que um dos motivos do embargo é a balança comercial desfavorável para os russos, que querem vender máquinas e fertilizantes para o Brasil. Como Santa Catarina tem grande capacidade de produção, a Rússia barrou a exportação.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina, Paulo Ernani de Oliveira, o motivo do embargo é comercial. Oliveira disse que os russos querem estimular a produção local e, por isso, barram SC que tem grande capacidade de produção.

"Santa Catarina tem que brigar por outros mercados", disse o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.

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