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Embarques de milho caem 93%

Foram embarcados em setembro apenas 4,6% do total de milho exportado no mesmo período de 2007


O balanço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que será divulgado hoje, deve refletir os números registrados pelo Porto de Paranaguá e Antonina (APPA). De acordo com levantamento feito pela empresa de consultoria Céleres, foram embarcados em setembro apenas 4,6% do total de milho exportado no mesmo período de 2007. O volume ficou em 26 mil toneladas em setembro naquele porto.

A estimativa do analista de mercado da Safras & Mercados Paulo Molinari para o mês que se encerrou é de que apenas 400 mil toneladas do grão deixaram o País com destino ao mercado externo. A exportação do produto que no ano passado atingiu a marca de 11 milhões de toneladas, em 2008 não deve passar de sete milhões. A expectativa era de exportar o mesmo volume este ano. "O Brasil perdeu o melhor momento, que foi no primeiro semestre. O produtor contava com a alta dos preços, mas a tonelada de milho despencou de U$ 300 para U$190", explica Molinari.

A safra brasileira de milho para 2008 está estimada em 55 milhões de tonelada. O consumo interno deve ficar em torno de 43 milhões de toneladas. A exportações previstas são de 7 milhões de toneladas. Com isso, o estoque de passagem deve chegar a 5milhões de toneladas do grão. A oferta maior pode puxar o preço ainda mais para baixo.

Sem recuperação
O agricultor não tem esperança de que, com a redução das vendas externas, ocorra uma recuperação nos preços do milho, o que inevitavelmente vai prejudicar os investimentos para a safra 2008/09. Fábio Barbante de Barros, produtor da região norte paranaense, ainda não conseguiu nem metade do financiamento que foi buscar nos bancos. E com o preço de R$ 16 a saca, que ele alcança hoje para uma trading, o milho cultivado em 500 hectares vai dar lugar à soja na próxima safra. "Esse preço não remunera. No ano passado a renda era bem maior, cheguei a receber R$ 25 pela saca. Perto da soja, o preço do milho está baixo. Sem contar que o custo da lavoura de é maior porque o adubo não leva nitrogênio", calcula o produtor.

Essa escassa oferta de crédito, que esse e outros produtores já estão experimentando, passou a ser o principal assunto do mercado agrícola brasileiro na semana passada e deve perdurar ainda por um bom tempo. Para piorar a situação, a incerteza em relação à retomada da atividade agrícola em 2009, em função do sufocante aumento dos custos de produção - como é o caso do preço dos fertilizantes e defensivos -, deixa os agricultores em uma situação ainda mais difícil. Com o dinheiro escasso, produtores agrícolas, fornecedores de insumos e processadores de grãos têm apenas o Banco do Brasil para recorrer como alternativa ao crédito agrícola, e mesmo assim ainda não liberou o montante total do custeio pleiteado por Barros.

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