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Embrapa faz plástico biodegradável com caroço de manga

Nanotecnologia em biomateriais de alto valor agregado com uso de resíduos



A Embrapa Agroindústria de Alimentos, que tem sede no Rio de Janeiro, coordenou um desafio com 30 pesquisadores para aplicar nanotecnologia para desenvolver biomateriais de alto valor agregado com a utilização de resíduos industriais. Depois de três anos, o resultado foi um tipo de plástico biodegradável feito a partir da amêndoa do caroço de manga em mistura com o biopolímero natural. O plástico pode ser aplicado na composição de embalagens de alimentos e no setor de saúde para compor matrizes ósseas.

A estatal considera que está dado o primeiro passo para o desenvolvimento de um plástico biodegradável comercial que usa como matéria-prima resíduos da indústria alimentícia. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de manga com mais de um milhão de toneladas por ano, mas o descarte de caroços chega a até 60% desse volume.

O objetivo da pesquisa foi agregar valor aos resíduos. “O desenvolvimento de novos biocompósitos pode ser um caminho viável para o aproveitamento de coprodutos industriais na fabricação de itens inovadores e sustentáveis”, afirma a pesquisadora da Embrapa Edla Lima. Foram realizados mais de uma centena de testes, utilizando técnicas de casting, extrusão, injeção e moldagem por compressão.

Diferentes concentrações de amêndoa e da casca do caroço da manga como carga de reforço em biopolímeros comerciais, adicionados ou não de quatro diferentes tipos de argilominerais, que foram concentrados e organofilizados foram avaliadas. Para analisar a resistência, cristalinidade e elasticidade, os materiais resultantes foram observados em calorimetria de varredura diferencial, análise termogravimétrica, microscopia eletrônica de varredura associado à espectrometria de energia dispersiva de Raios-X, ressonância magnética, Difratometria de Raios-X, e infravermelho.

De acordo com os pesquisadores, já foram obtidos bons resultados na obtenção de biocompósitos. Eles apresentaram maior interação intermolecular, o que promoveu maior dispersão e distribuição do material de enchimento. “As análises demonstraram boa adesão, dispersão e distribuição em amostras com PHBV. Os resultados indicam que a fabricação de biocompósitos pode ser uma estratégia para a reutilização desse subproduto agroindustrial", ressalta a professora e pesquisadora Rossana Thiré, do Laboratório de Biopolímeros da Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Coppe/UFRJ.

A equipe de pesquisa contou com profissionais da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Embrapa Instrumentação (SP), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Centro de Tecnologia Mineral.

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