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Embrapa investe em pesquisa para orientar produtores


Para auxiliar os produtores mato-grossenses de pau de balsa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem desenvolvido várias pesquisas que ajudam a melhorar a qualidade da madeira produzida no estado. A Embrapa também tem parceria com indústrias moveleiras e com a Cooperativa dos Produtores de Pau de Balsa de Mato Grosso para buscar novas alternativas de uso. 


A maioria dos produtores mato-grossense que investiu no cultivo de pau de balsa, iniciou as plantações sem terem parâmetros de produção e movidos pela promessa de que a madeira teria grande valor na venda para fabricantes de hélices de turbinas eólicas. Este mercado, entretanto, não se concretizou, sobretudo devido à baixa qualidade da madeira produzida em Mato Grosso.

Sem materiais genéticos selecionados, as árvores cultivadas são heterogêneas e, em sua maioria, apresentam densidade acima de 220 kg/m³. Os fabricantes necessitam de madeira de 100 kg/m³ a 170 kg/m³. Assim sendo, acabam importando a matéria prima do Equador e Panamá. Assim, os produtores de Mato Grosso vendem a produção com maior densidade para a indústria de laminados e compensados. Entretanto, este mercado ainda é praticamente inexistente.

Para aumentar o valor agregado à esta madeira, a Cooperativa dos Produtores de Pau de Balsa de Mato Grosso busca alternativas de uso. Estão utilizando a madeira na confecção de peças de artesanato, divisórias e portas. Além disso, a cooperativa espera colocar em funcionamento até o fim do ano uma planta para processar a madeira.

O objetivo principal é a transformação para a agregação de valor para o produtor. "Como a madeira não é perecível, estamos orientando os produtores a permanecerem com a madeira estocada até termos instalada a indústria para fazer a transformação", ressalta a presidente da Copromab, Elizete Pinheiro.

Outro entrave para a comercialização do pau de balsa é a logística. Como se trata de uma madeira de baixo valor agregado, com o preço do m³ variando entre R$ 100 e R$ 200, para se tornar viável seu cultivo, a produção deve estar próxima à indústria processadora. Estima-se em 100 km a distância limite para que se mantenha a rentabilidade do produtor. Além disso, o aumento da produtividade e a redução dos custos de implantação e manutenção são essenciais para garantir o lucro.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Maurel Behling, o segredo do pau de balsa é conseguir alta produtividade com baixo custo de produção. "E o que a gente tem observado é que os produtores tiveram um alto custo de produção e a produtividade é baixa. Eles não estão tendo uma margem de lucro".


Se por um lado os produtores reclamam da falta de compradores do pau de balsa, as indústrias argumentam que não compram devido à falta de oferta de matéria prima. O empresário Claudio Didomenico conta que o potencial de mercado desta madeira é muito grande porque ela reúne duas características importantes para a marcenaria que é a leveza e a coloração clara e uniforme. "Temos ideia dos possíveis usos, mas não temos como saber ao certo como se faz porque não temos oferta".

Claudio conta ainda que a madeira não foi apresentada ao mercado brasileiro. "Acredito que ela vai ser utilizada nos mais diversos segmentos, mas precisa ter a oferta". Para solucionar este impasse entre a falta de oferta de produto e falta de compradores, todos os envolvidos na cadeia são unânimes em dizer que serão necessárias medidas de incentivo do governo para que a cadeia possa se organizar e se tornar viável.

A Compensados São Francisco, que é parceira da Embrapa na pesquisa realizada em Guarantã do Norte, já fez testes com o pau de balsa. Os compensados desta madeira se mostraram resistentes e mais leves do que os feitos atualmente com madeiras como amescla e pinho cuiabano (paricá), com 350 kg/m³ contra 550kg/m³.

Entretanto, para processar comercialmente o pau de balsa é preciso ter equipamentos específicos para laminar madeiras finas, sendo necessário a compra de novos tornos. Além disso, a heterogeneidade da matéria prima produzida em Mato Grosso é outro problema, uma vez que, segundo Claudio, ainda não é possível saber qual a densidade de madeira ideal para ser utilizada na indústria.

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