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Embrapa participa de audiência pública sobre caramujo gigante africano

Praga exótica invasora causa transtornos à agricultura


A Embrapa Amapá, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), participou de audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa do Estado do Amapá, na manhã desta quinta-feira, 21, em Macapá (AP), com o tema “Combate ao Caramujo Gigante Africano”. Trata-se de uma praga exótica invasora, que causa transtornos à agricultura, ao meio ambiente e constitui-se como problema de saúde pública. O objetivo da audiência foi discutir ações integradas de combate a esta espécie de caramujo que está presente em toda a cidade de Macapá e áreas vizinhas. “ É uma oportunidade de reunir a sociedade civil organizada para discutir essa problemática e identificar os riscos e as formas de combater essa praga”, justificou o deputado Keka Kantuária, autor da iniciativa da audiência pública.

Também apresentaram palestras os representantes das secretarias de Saúde do município de Macapá, do Governo do Amapá, e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A plenária contou com a presença de presidentes de associações de bairros e da associação de agricultores de Macapá.O pesquisador da Embrapa Amapá, agrônomo Adilson Lopes Lima, enalteceu a iniciativa de se realizar um debate público sobre este tema e norteou sua palestra a partir da biologia, aspectos ecológicos e medidas de controle do caramujo gigante africano. “Atualmente não desenvolvemos pesquisa específica voltada para esta espécie, mas estamos abertos a esta possibilidade. O importante agora é abrir este canal de diálogo e parcerias”, acrescentou o pesquisador. Ele sugeriu à Assembleia Legislativa e demais instituições realizar uma campanha anual alusiva especialmente ao combate ao caramujo.

Sobre as medidas de controle, o pesquisador destacou a necessidade de limpeza total das áreas infestadas, como terrenos baldios, eliminação de entulhos, lixo, restos de culturas ou qualquer material que possa servir de abrigo ou alimento para o caramujo” gigante africano. “No mundo todo, a catação manual seguida de incineração tem se mostrado um método eficiente, com adesão da comunidade e execução regular”, disse Lima, lembrando que o sal não deve ser utilizado devido ao grande risco de salinização da área, podendo atingir o lençol freático.
Com relação à espécie, Adilson Lima falou sobre a classificação da taxonomia do caramujo gigante africano, sua origem e dispersão a partir da África. Trata-se de uma espécie exótica invasora, que foi introduzia no Brasil ilegalmente durante uma feira agropecuária em Curitiba (PR), no final dos anos 80. “As espécies invasoras exóticas são organismos que, quando introduzidos fora de sua área de distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats e outras espécies. Atualmente são consideradas a segunda maior causa de extinção de espécies no planeta, afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana”, alertou o pesquisador da Embrapa.

Vale ressaltar que a ausência de inimigos naturais de espécies exóticas invasoras (como é o caso deste caramujo) aumenta as consequências negativas que estas espécies causam na biodiversidade. Já com relação a implicações na saúde pública, o pesquisador citou que esta espécie de caramujo pode ser um hospedeiro intermediário dos vermes Angiostrongylus cantonensis e Angiostrongylus costaricensis, causadores da meningite eosinofílica e da angiostrongilíase abdominal, respectivamente. No entanto, ainda não existem casos confirmados no Brasil de angiostrongilíase transmitida pelo caramujo gigante africano.

Biologia do caramujo gigante africano:

Tamanho e peso da concha (adulto): 10 a 15 cm de comprimento e 200 g de peso;
Coloração da concha: mosqueada em tons de marrom e marrom escuro;
Hábito alimentar: herbívoro generalista (folhas, flores e frutos de diversas espécies vegetais – apetite voraz e forrageamento em períodos noturnos);
Maturidade sexual: atingida aos quatro ou cinco meses;
Longevidade: de três a cinco anos;
Potencial reprodutivo: até 4 posturas por ano, com 50 a 200 ovos por postura (indivíduos hermafroditas);
Tamanho e coloração dos ovos: de 5-6 mm de comprimento por 4-5 mm de largura, de coloração amarelo-creme;
Ocorrência: margens de brejos, capoeiras, hortas e pomares, plantações abandonadas, terrenos baldios, quintais, jardins...
Tolerância ambiental: alta adaptação e resistência a fatores abióticos como temperatura e umidade. Apresenta alta proliferação na estação chuvosa.

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