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Embrapa Pecuária Sudeste faz cinco lançamentos

Entre as novidades está o software que dá ao produtor as recomendações de correção (calagem) e de adubação para pastos em sistemas intensivos (de alta produtividade)


Marcadores moleculares para características de interesse econômico em bovinos de corte (análise do DNA que indica carne mais macia e animais superiores), um sistema para decompor os resíduos de carrapaticidas em currais (evitando a poluição do ambiente), o zoneamento agroclimático do consórcio milho com capim marandu (indicando as épocas adequadas de plantio), um software com recomendações de correção e adubação em sistemas intensivos de pastagens e um livro sobre irrigação de pastagens. Estes são os cinco lançamentos que a Embrapa Pecuária Sudeste apresentará nesta sexta-feira (dia 26-11), por ocasião dos seus 35 anos.

Na ocasião será feita uma homenagem ao pesquisador Luiz Alberto Rocha Batista, falecido em 2008, pelas suas pesquisas com forrageiras do gênero Paspalum e pelos trabalhos que culminaram no desenvolvimento da forrageira Andropogon-Baetí, da aveia forrageira São Carlos e do guandu BRS Mandarim.
 
As cinco novidades são:

1) Análise do DNA indica carne mais macia e animais superiores
 

A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) entrou com pedido de patente internacional para a tecnologia “Método para identificação de animais com maior potencial para características desejáveis de qualidade da carne, área do olho do lombo (AOL), peso à desmama e peso ao sobreano”. O pedido foi feito em conjunto com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Dos royalties futuros, 50% ficarão com a Embrapa, 40% com a UFSCar e 10% com a FAPESP.

A tecnologia identifica marcadores moleculares de bovinos das raças Nelore e Canchim que apontam a potencial maciez da carne, área de olho de lombo (relacionada à musculosidade) no Nelore e a deposição de gordura subcutânea no Canchim. A gordura subcutânea, também conhecida como gordura de acabamento, é importante para que a carne fique protegida contra o escurecimento causado pelo resfriamento do produto, após o abate. “A maciez é um dos quesitos mais valorizados pelo consumidor e é medida pela força necessária para romper as fibras da carne. A pesquisa analisa a associação da variação na sequência de bases do gene com a variação da espessura de gordura e de maciez”, diz a pesquisadora Luciana Correia de Almeida Regitano, da Embrapa Pecuária Sudeste e líder do projeto.

Como toda identificação de marcadores moleculares, essa técnica permite maior precisão e rapidez - e portanto redução de custos - na seleção de animais, nesse caso a seleção dos exemplares portadores de melhor acabamento de carcaça e de carne macia. Ao invés de fazer a seleção entre os animais adultos, o produtor poderá saber se determinado animal, ainda bezerro de poucos meses, terá ou não carne macia, por meio de exame de sangue ou dos pêlos. Pode-se também utilizar amostras de mucosa oral ou de sêmen.

São parceiras do projeto as unidades da Embrapa: Gado de Corte, Informática Agropecuária, Meio Norte, Pecuária Sul e Recursos Genéticos e Biotecnologia; a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp, campus Jaboticabal).

2) Software dá as recomendações para correção e adubação de pastagens intensivas

Um software que dá ao produtor as recomendações de correção (calagem) e de adubação para pastos em sistemas intensivos (de alta produtividade) é outro lançamento da Embrapa Pecuária Sudeste. Neste primeiro momento o pecuarista poderá usar somente o software, mas em 2011 será lançada também uma publicação impressa, com o mesmo conteúdo.

Para utilizar o novo software o produtor precisa, inicialmente, se cadastrar na página eletrônica da Embrapa Pecuária Sudeste (http://www.cppse.embrapa.br). Nesse cadastramento, pedem-se as análises de solo da área a ser tratada, área das pastagens, número de animais, variedades dos capins adotados, entre outros dados, conforme explicam os pesquisadores Patrícia Perondi Anchão de Oliveira e Alberto Bernardi, que desenvolveram a nova técnica. O sistema elaborado cruza esses diversos dados com as necessidades de adubação dos solos, resultando assim nas recomendações das quantidades necessárias para a calagem e para a aplicação de fertilizantes. Apesar de a recomendação ser feita automaticamente pelo sistema, sugere-se que o pecuarista mostre os resultados para um técnico extensionista especializado em adubação.

Ao cadastrar-se naquela página eletrônica, o produtor terá um benefício adicional: ele terá a qualquer momento, acessando seus dados, todo o histórico da situação de suas pastagens (a partir da primeira consulta feita), bem como da formulação recomendada nas diversas ocasiões.

Esta é a primeira compilação sistematizada de calagem e adubação para pastagens intensivas, pois até agora os trabalhos existentes se achavam principalmente em publicações do meio acadêmico.

3) Resíduos de carrapaticidas podem ser tratados, sem poluir o ambiente

Os carrapaticidas utilizados periodicamente em bovinos geram resíduos que podem agora ser tratados, armazenados e descartados corretamente. A Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) acaba de lançar um sistema de tratamento - utilizando peças simples e de baixíssimo custo - que reduz o impacto ambiental negativo trazido pelos restos desses defensivos animais, cujo volume é significativo, dado o elevado grau de infestação de carrapatos existente no Brasil.

O tratamento se dá por meio da degradação dos princípios ativos do carrapaticida, que se torna assim uma substância não-tóxica. As taxas de degradação, a depender do princípio ativo, se situaram entre 60% e 90%, segundo a pesquisadora Ana Rita de Araujo Nogueira, da Embrapa Pecuária Sudeste, participante da equipe que desenvolveu o conjunto.

Para adotar o sistema, o brete do curral deve ser cimentado, com um ralo para escoamento da água e dos resíduos que vão para o chão, após a aplicação do produto. Por meio de um cano, o produto é direcionado por gravidade a um pequeno tanque, onde pode ser reutilizado. Quando não houver mais atividade, os resíduos são direcionados para um protótipo. Este é construído com caixas de água de material polimérico, adaptadas com um agitador, controlado por uma pequena bomba. Ao resíduo acrescentam-se determinados reagentes químicos, que, com movimentos de agitação, levam à degradação química do produto. Esses reagentes devem ser usados sob medida e com orientação de um técnico especializado.

O escoamento do líquido pode se dar por gravidade, colocando-se as caixas em plano inferior ao brete. O resíduo degradado, após neutralização, pode ser descartado em fossa séptica.

4) Zoneamento de pastagens evita prejuízos e aponta as áreas aptas

Já estão disponíveis as primeiras recomendações para plantio de pastagens, especificamente para o capim Marandu, em sistema de integração lavoura – pecuária (ILP), com milho ou com sorgo, para os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Este trabalho serve para orientar os interessados (pecuaristas, técnicos da extensão rural, áreas de crédito rural dos bancos , órgãos de fomento etc) no uso dessa forrageira, que agora podem saber quais as regiões aptas (por município) e, nessas áreas aptas, quais as melhores épocas para sua implantação (plantio) em diferentes tipos de solo.

Com esse instrumento, o pecuarista saberá quais são as áreas de risco. Os bancos, mesmo sem obrigatoriedade legal, poderão liberar recursos do crédito rural somente para as áreas favoráveis, reduzindo assim indenizações do seguro rural e possíveis fraudes. Também poderá servir como ferramenta para a implementação de políticas públicas visando o desenvolvimento regional e o aproveitamento ao máximo das condições de solo e clima, bem como para não se plantar em áreas não aptas.

Esses resultados fazem parte do zoneamento agroclimático do Marandu, desenvolvido por seis centros de pesquisa da Embrapa: Cerrados (Brasília, DF), Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), Informática Agropecuária (Campinas, SP), Arroz e Feijão (Santo Antonio de Goiás, GO), Gado de Corte (Campo Grande, MS) e Gado de Leite (Juiz-de-Fora, MG).

O trabalho apresenta as épocas mais favoráveis para o plantio dessa forrageira no sistema ILP, bem como as não favoráveis. Isso é dado por decêndios, ou seja, de 10 em 10 dias. Os meses são divididos em três decêndios: do dia 1º ao dia dez, de onze a 20 e o último do dia 21 ao dia 30. São apresentadas opções de 18 decêndios, de 1º de setembro a 29 de fevereiro, época mais comum e mais favorável para o plantio de pastagens em São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

A orientação é dada também por município, ou seja, o interessado deve procurar, no mapa ou na lista, o seu município e ver em qual período o plantio do consórcio é indicado. Além do município e dos decêndios, o levantamento inclui até três diferentes tipos de solo, o que também deve ser considerado pelo interessado, ao fazer a consulta.

Segundo o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, José Ricardo Pezzopane, a pesquisa foi feita com o uso de dados de chuvas dos últimos 30 a 50 anos, conforme a região. Foi medido o consumo de água nos dois consórcios (Marandu com milho e Marandu com sorgo), o que permitiu a simulação do consumo hídrico dos consórcios em solos com diferentes capacidades de armazenamento de água.

A pesquisadora Patrícia Menezes Santos, da Embrapa Pecuária Sudeste, diz que os maiores riscos levados em conta, nos Estados de São Paulo e Minas Gerais - área coordenada pela Embrapa Pecuária Sudeste - ocorrem num período de até 45 dias após o plantio e referem-se à germinação e ao perfilho. No caso do milho, dentro do Sistema de Integração Lavoura - Pecuária, os riscos se dão principalmente no período de florescimento e enchimento de grãos, de 45 dias a 110 dias após a semeadura do grão.

Uma maneira de facilitar a visualização e o entendimento da situação em que se encontra a propriedade do interessado é recorrer aos mapas (vide mapas abaixo), onde estão apontados, de maneira clara e simples, os períodos aptos e não aptos ao plantio do Marandu em consórcio com o milho. O mesmo ocorre com o sorgo, nas mesmas condições.

Pressupostos do zoneamento

Para realizar esse trabalho de zoneamento, em todo o País, para diversos produtos, foi utilizado o modelo francês elaborado pelo Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Dévéloppement – Cirad (em português Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento, França), adaptado pela Embrapa às condições de cada região, segundo informa o pesquisador e chefe de Pesquisa da Embrapa Cerrados, Fernando Macena, coordenador dos trabalhos de zoneamento em todo o Brasil.

Os dados iniciais da pesquisa são os índices de evapotranspiração potencial, de temperatura e de chuvas. Cada produto é analisado em suas exigências de água e seu ciclo (profundidade radicular, duração e fases fenológicas, como germinação, florescimento, maturação e colheita).
 

Áreas dos riscos climáticos para a implantação do consórcio milho com Marandu, em semeadura no início de outubro (inferior) e no início de novembro (superior), para um solo de textura arenosa, no Estado de São Paulo. Recomenda-se o baixo risco.

5) Novo livro sobre irrigação de pastagens
 
“Projeto e Manejo de Irrigação de Pastagens” é o novo livro que acaba de ser lançado pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) por ocasião dos 35 anos do centro de pesquisa.

Editado pelo engenheiro agrônomo Fernando Campos Mendonça - que foi pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste por muitos anos e que recentemente se transferiu para a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP - a obra abrange todas as etapas da irrigação de pastagens. Quase todos os capítulos foram escritos pelo próprio editor, com exceção do item “Manejo da irrigação de pastagens”, analisado pelo engenheiro agrônomo Joaquim Bartolomeu Rassini, pesquisador aposentado da Embrapa Pecuária Sudeste.

Além do manejo, o novo livro traz análises e recomendações sobre relações água - solo - planta - atmosfera, princípios básicos de hidráulica aplicada à irrigação (técnicas de medição de vazão, cálculo de pressão e de perdas de pressão, escolha de aspersores e dimensionamento de tubulações e de bombas), elaboração de projetos de irrigação por aspersão e análise econômica do custo total de irrigação. O trabalho é dirigido a produtores e especialmente aos profissionais de extensão rural, empenhados em orientar pecuaristas no manejo de irrigação.

Exemplares da edição - com 104 páginas e muitas fotos e ilustrações demonstrativas - podem ser adquiridos na Embrapa Pecuária Sudeste, por meio de www.cppse.embrapa.br, [email protected] ou (016) 3411-5600.

As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Pecuária Sudeste.

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