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Emergentes têm que aprimorar controle sanitário

Os países emergentes podem perder espaço no mercado internacional de alimentos se os governos não garantirem um sistema de vigilância sanitária mais rígido


Os países emergentes podem perder espaço no mercado internacional de alimentos se os governos não garantirem um sistema de vigilância sanitária mais rígido. O alerta é da Organização de Agricultura e Alimentos da ONU (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que fizeram ontem um apelo para que os governos, principalmente dos países emergentes, adotem novas medidas para impedir que alimentos vendidos acabem gerando mortes e problemas de saúde.

Em apenas um ano, 2,4 mil incidentes de contaminação de alimentos foram registrados no mundo. "Os países somente conseguirão manter sua participação no mercado globalizado dos alimentos e a confiança do consumidor se aplicarem os padrões internacionais de qualidade e segurança", alertou Ezzeddine Boutrif, diretor de Proteção do Consumidor da FAO.

Na Europa, produtores de carne da Irlanda estão tentando se aproveitar de supostas falhas no sistema de vigilância no Brasil para conseguir banir o produto brasileiro do mercado europeu. Para as entidades, o que o mundo come hoje poderá se tornar um risco real para a saúde pública se políticas rígidas não forem implementadas.

Um dos exemplos seria o aumento do número de salmonella. A importação aos Estados Unidos de alimentos contaminados da China e a morte de três pessoas no ano passado voltou a colocar o tema na agenda da OMS. Nessa semana, uma empresa americana - a Castleberry - ainda retirou do mercado parte de seus produtos, causando mais uma vez pânico entre os consumidores. Para a OMS, os governos devem investigar e culpar empresas e exportadores que tenham cometido violações que acabam afetando a saúde dos consumidores. Segundo as entidades, parte da contaminação ocorre pelo uso "fraudulento" de ingredientes proibidos ou aplicação de remédios ilegais nos animais.

Outra medida seria incrementar a infra-estrutura e condições fitossanitárias da produção, algo que custaria bilhões e teria de ter financiamento dos países ricos. Para completar, a FAO alerta que em muitos países a lei de vigilância sanitária é obsoleta e laboratórios nem sequer tem equipamentos básicos para testes. "A questão da segurança alimentar deve ser fundamental para todos os países", afirmou Jorgen Schuldt, diretor da OMC para o tema.

Segundo ele, o problema é que, com o aumento das populações, facilidade em se transportar alimentos, industrialização dos produtos agrícolas e mudanças de hábitos, está cada vez mais difícil monitorar o caminho entre a produção e o consumo. "Os países em desenvolvimento estão com um importante desafio", afirmou. Em média, 200 casos de contaminação são enviados por mês aos técnicos da ONU. Em apenas um ano, 1,8 milhões de crianças morrem de diarréia. Segundo a OMS, quase a totalidade dessas mortes ocorrem por alimentos ou água contaminada.

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