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Emissão de CO2 é reduzida com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

Alternativa econômica e sustentável, é uma das vertentes da chamada “agricultura verde”


Alternativa econômica e sustentável, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma das vertentes da chamada “agricultura verde”, que alia aumento da produtividade na fazenda e preservação do meio ambiente. O sistema combina atividades agrícolas, florestais e pecuárias, promovendo a recuperação de pastagens em degradação. De acordo com o Ministério da Agricultura, a área utilizada nesse sistema pode ser aumentada em quatro milhões de hectares nos próximos dez anos. Com a técnica, a previsão é que o volume de toneladas de dióxido de carbono (CO2) diminua entre 18 milhões e 22 milhões no período.

A iniciativa contribui efetivamente para o cumprimento das metas de redução dos gases de efeito estufa assumidas pelo Brasil na 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15), em Copenhague (Dinamarca). A ILPF faz parte do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado há dois meses pelo governo federal, com o propósito de ampliar a eficiência na lavoura ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente. Para a safra 2010/2011, serão aplicados R$ 2 bilhões, a juros de 5,5% ao ano e prazo de pagamento de até 12 anos.

Realizada no Brasil há mais de 40 anos, a técnica consiste no cultivo de uma espécie florestal, com espaço ampliado, que possibilita, por dois ou três anos, a adoção de uma cultura de interesse comercial, como soja, milho e feijão. Em seguida, a área é coberta por forrageira (planta para alimentação do gado) associada a milho ou sorgo. Após a colheita dos grãos, o pasto é formado nas “entrelinhas” da floresta cultivada, permitindo a criação de bovinos e sua exploração até o corte da madeira.

Para o pesquisador Luiz Carlos Balbino, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o sistema pode ser adotado em todas as propriedades rurais, de pequeno a grande porte. A técnica é vantajosa, na opinião do pesquisador, porque maximiza a quantidade de produtos agrícolas e conserva os recursos naturais. “Isso é obtido por meio da integração das atividades agrícolas, pecuárias e florestais, pela convivência em uma mesma área, a partir da sincronização de suas etapas de produção, que se retroalimentam”, destaca.

O produtor Ivo Mello, de Alegrete (RS), usa a Integração Lavoura-Pecuária como forma de racionalizar e otimizar os recursos da propriedade e aumentar sua receita. Para ele, uma das vantagens do sistema é o nível da adubação para o plantio de grãos, após o uso de forrageiras. “As pastagens de altíssima qualidade usadas para a alimentação do gado melhoram o solo, com matéria orgânica, o que beneficia a cultura seguinte, de grãos, evitando a aplicação de herbicidas”, explica.

Atualmente, a Embrapa, por meio do Departamento de Transferência de Tecnologia, coordena uma rede de pesquisadores de 30 centros da própria instituição, universidades, empresas públicas e privadas, órgãos de assistência técnica e extensão rural, além de organizações não-governamentais, para ordenar as ações do projeto Transferência de Tecnologia para ILPF. Esse projeto propõe o repasse de conhecimentos para a recuperação de pastagens em degradação e de lavouras com problemas de produtividade e sustentabilidade. Estudo realizado no projeto estima que, do total de áreas de pastagens em degradação, cerca de 50 milhões de hectares, são consideradas agricultáveis.

História - No Cerrado, os primeiros sistemas de ILPF nasceram entre as décadas de 60 e 70, com a necessidade de diversificar a atividade agropecuária. Devido ao manejo extrativista e à reduzida - ou inexistente - utilização de insumos após a adoção de pastagens, essas áreas começavam a se degradar rapidamente, perdendo o potencial produtivo.

Como forma de recuperação, alguns produtores começaram a “reformar” os pastos, plantando novas culturas, como arroz ou milho. Essa prática resgatou as pastagens produtivas e lucrativas, a partir da venda dos grãos.

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