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Entenda como a fumaça das queimadas pode prejudicar a produtividade

Dependendo da concentração de fumaça na atmosfera, a quantidade de radiação que chega na superfície pode ser alterada


Foto: Marcel Oliveira

De acordo com os dados do portal Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais o ano de 2020 registra a marca de 133.974 focos de queimadas, que representa uma alta de 13% em relação ao ano anterior e sendo este o pior resultado desde 2010, ano que registrou 191.190 focos. Os estados com os maiores números de focos são: MT (34.410 focos); PA (21.157 focos); AM (13.652 focos); MA (7.966 focos); TO (7.941 focos); MS (7.655 focos); RO (6.641 focos); AC (5.932 focos); SP (4.264 focos). Em consulta realizada no dia 15/Set/2020.

Com as queimadas na região central do continente um grande volume de aerossóis, provenientes da queima de matéria orgânica (partículas de fumaça), ficam suspensos na atmosfera. Esses aerossóis são partículas muito leves, que podem ser levantadas a altitudes onde os ventos são mais intensos. Com isso, essas partículas, são carregadas para grandes distâncias chegando até o oceano. Isso fica claro observando uma imagem de satélite com a detecção de fumaça. 


Fonte: Queimadas/INPE

Os pontos coloridos são focos de incêndio detectados por satélites entre às 9h e às 15h no horário de Brasília, no dia 14/09/2020. E o tom em marrom é a pluma de fumaça. Esse padrão de deslocamento da pluma, coincide com o  padrão de deslocamento do vento na região dos jatos de baixos níveis, que ficam a uma altitude 1.500 a 2.000m e sopram de norte para o sul. Nota-se que na imagem um grande volume dessa pluma de fumaça sobre o Rio Grande do Sul, em direção ao oceano. No último dia 12/09 houve registro em que a água da chuva estava sendo coletada com a cor “preta”, mas para confirmar se era ou não fumaça proveniente das queimadas, seria necessário uma análise laboratorial.

Dependendo da concentração de fumaça na atmosfera, a quantidade de radiação que chega na superfície pode ser alterada. E a radiação solar é uma componente fundamental para o pleno desenvolvimento das culturas. Em um estudo publicado em 2017 comprovou que na Amazônia central, na estação seca, a fração de carbono orgânico gera efeitos instantâneos de diminuição de até 100 W/m² na radiação que chega na superfície, enquanto que em região de cerrado (Cuiabá) a diminuição chega até 350 W/m². Essa diminuição da radiação solar que chega na superfície é diretamente relacionada com a radiação interceptada pelo cultivar. E a diminuição da radiação que chega, pode prolongar o período de desenvolvimento entre os estádios fenológicos e alterar o potencial de produtividade final da cultura.

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