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Entenda como plantas daninhas podem causar alta nos preços

Sem o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas pode-se perder até 85% da produção


Foto: Eliza Maliszewski

A pandemia da covid-19 impediu a realização de festas juninas e fechou os cinemas, mas o consumo do milho das pipocas e da pamonha não diminuiu. Afinal, o grão também é utilizado na nutrição de bovinos, aves e porcos. Por isso, uma redução na produção poderia causar aumento também no preço da carne. E esse pesadelo pode se tornar realidade: sem o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas pode-se perder até 85% da produção – o que representaria um sério agravamento ao atual cenário de quebra na safra, ocasionado pelo baixo índice de chuvas no país.

"A produção brasileira de milho está estimada em 96,4 milhões de toneladas. A maior parte dessa produção está concentrada na 'safrinha', um período de plantio fora da época anteriormente tida como ideal, o verão", comenta Julio Borges, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), com base nas informações mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com Julio, os desafios fitossanitários do milho na safrinha tendem a ser grandes, por causa do clima. No período de outono e inverno, por exemplo, a falta de chuvas prejudica o fornecimento de água para as plantas. Nesse cenário, a presença de plantas daninhas – como o capim-colchão, o capim-pé-de-galinha e a soja tiguera – causam uma competição por nutrientes absorvidos do solo, gerando altas perdas para a plantação de milho.

Com potencial de perda de 85% para os capins e de 40% para a soja tiguera (que aparecem voluntariamente em áreas onde há o plantio alternado de milho e soja), a produção nacional cairia das 96,4 milhões de t previstas para 14,5 milhões t – uma perda de 81,9 milhões t, algo mais do que suficiente para causar explosão no preço dos derivados do grão, o que envolve óleos, canjicas, farinhas, fubá e até mesmo de combustíveis, como o etanol de milho.

Além das plantas daninhas, os produtores de milho sofrem também com as doenças agrícolas, causadas por fungos, como as manchas foliares e a ferrugem. Pequenos inimigos, de até 3 centímetros, como a lagarta-elasmo, a lagarta-das-folhas, a larva-alfinete e, a mais comum, a lagarta-do-cartucho também são responsáveis por prejuízos médios de 20% à produtividade, já tendo alcançado 40% de perda de produção em algumas regiões.

"A solução para essas ameaças iminentes é proteger as lavouras, presentes em todos os estados e no Distrito Federal. A indústria, por meio da ciência e da tecnologia, está empenhada em auxiliar os agricultores a vencer mais esses desafios. Temos recursos modernos para controlar pragas, doenças e daninhas, que se espalham facilmente devido ao clima tropical e, rapidamente, podem criar resistência", afirma Eliane Kay, diretora-executiva do Sindiveg.

Eliane aponta que defensivos, usados de forma correta e segura, protegem o milho sem causar prejuízo à qualidade do cultivo e à segurança do alimento oferecido à população. "Antes de serem comercializadas, as soluções são testadas e submetidas a um longo e rigoroso processo de avaliação, que leva em média 5 anos até a liberação para uso. Essa é a garantia de que esses insumos são benéficos para agricultores, comerciantes e consumidores", finaliza.

Produção regional

Quase 60% da produção brasileira de milho está concentrada em três estados: Mato Grosso, Paraná e Goiás, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, todos os demais estados, além do Distrito Federal, possuem cultivo do grão, com destaque para Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Piauí, Maranhão, Tocantins e Rondônia: todos alcançam mais de 1 milhão de toneladas.

dados Sindiveg.

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