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Entrada ilegal de bovinos somou 8 mil reses/mês no MS


As medidas do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul para o combate ao contrabando de gado na região de fronteira com o Paraguai podem estar refletindo diretamente na redução do rebanho nos municípios daquela área. Mas, por outro lado, tem aumentado o giro de capital dos produtores. É que, sem a presença do gado paraguaio, o pecuarista brasileiro está conseguindo comercializar seu produto com melhor preço. Embora seja uma palavra proibida nos municípios de fronteira, o contrabando vinha proporcionando, extra-oficialmente, uma entrada de pelo menos 8 mil bois ao mês em território brasileiro.

Para conter o gado paraguaio, o Iagro está desenvolvendo um sistema que praticamente impossibilita o atravessador de utilizar as chamadas notas “frias” ou notas adquiridas de outros produtores para comprovar a origem do animal. O órgão recebe a comunicação de abate e encaminha o pedido de autorização para Campo Grande. Em pelo menos três dias vem um documento que determina que o embarque dos animais citados seja acompanhado pelo responsável pelo Iagro, diretamente na propriedade. O total embarcado é conferido e é feita também a contagem do gado que ficou na fazenda para confrontar com o cadastro.

No município de Amambai, o presidente do Sindicato Rural, Gumercindo Bonamigo, disse que a entidade que representa os produtores prefere não falar em contrabando, a exemplo de vários outros segmentos ligados ao setor rural. Mas disse que qualquer medida que o Governo venha a adotar e que tenha como objetivo garantir a sanidade do rebanho local, tem o apoio do sindicato. Em nenhum momento ele citou que é contra ou a favor do contrabando de gado, mas entende que o Governo brasileiro realmente deve ajudar o Paraguai a combater a aftosa.

Em relação à diminuição do rebanho em cerca de 15%, principalmente em Amambai, conforme dados do próprio Iagro levantados na última campanha de vacinação, Gumercindo Bonamigo entende que seria pelos incentivos oferecidos à agricultura. O preço da soja e os juros baixos estariam influenciando essa queda na pecuária e, segundo ele, não existe gado que apresente um rendimento por hectare maior que a agricultura. Esse, entretanto, não seria o mesmo pensamento de muitos outros produtores e de órgãos ligados ao setor. A realidade seria que o pecuarista está arrendando 30 por cento da área de gado para a agricultura e, consequentemente, conseguindo melhorar a qualidade do solo.

Três anos depois, ele voltaria com um solo rico, podendo obter uma pastagem de alta qualidade e tendo o mesmo rebanho numa área menor. Esse sistema de rotação, apostam alguns órgãos, vai permitir a ampliação do plantel sem a necessidade de aumentar a área. Com o fim do contrabando iria haver mais oferta e com isso maior preço. Hoje, na região de Amambai, o bezerro macho, que esteve na faixa de R$ 350, já chega a R$ 420. A fêmea já está sendo vendida a R$ 310, valor considerado significativo e que pode ser resultado da ação do Iagro no combate à febre aftosa e, aliado a isso, ao contrabando de gado paraguaio.

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