CI

Equipamento acelera carregamento de açúcar ensacado no Paranaguá

Um novo equipamento para carregamento de navios, totalmente mecanizado, já é testado no terminal paranaense e aumentará a produtividade na carga da mercadoria para até 3 mil sacos carregados por hora


A exportação de açúcar ensacado pelo Porto de Paranaguá deve ficar 60% mais ágil a partir do ano que vem. Um novo equipamento para carregamento de navios, totalmente mecanizado, já é testado no terminal paranaense e aumentará a produtividade na carga da mercadoria para até 3 mil sacos carregados por hora, o equivalente a 3,6 mil toneladas de açúcar embarcadas por dia. Pelo método manual, dependendo do tipo do navio, o embarque diário fica entre mil e 2,5 mil toneladas.

O shiploader CNGL 3000/1000 é um carregador de navios produzido no Brasil e funciona como um escorregador em espiral, que distribui os sacos de açúcar de forma uniforme no porão das embarcações. A aquisição faz parte do projeto do Terminal Exportador de Açúcar de Paranaguá (Teapar), da empresa operadora Marcon. “O equipamento reduz o tempo em que o navio fica atracado e garante maior rentabilidade para nossos clientes”, explica Cláudio Gustavo Daudt, responsável pelo Teapar.

O embarque acontece da seguinte forma: os sacos de açúcar são descarregados por caminhões no armazém da empresa, em seguida, são colocados por funcionários em esteiras transportadoras que levam a carga até o novo shiploader, no cais. Com estrutura fixa no berço de atracação 205, o carregador realiza movimentos sobre trilhos e sua peça principal gira 360º, suspensa sobre o porão do navio. O açúcar ensacado desliza pelo equipamento, que tem sua mobilidade comandada por técnicos, diretamente de uma cabine de operações e do próprio porão da embarcação.

Com a operação não automatizada o processo é mais lento. O açúcar chega ao cais pelos caminhões e a operação depende de guindastes de terra e equipamentos de bordo, que fazem o levantamento da carga. Há navios com guindastes que viabilizam o levante de até seis lingadas (unidade de 32 sacos de 50 quilos). Por outro lado, há navios que conseguem realizar levantes de somente duas lingadas por vez. Por fim, a colocação dos sacos no porão do navio é feita de forma manual.

EMPREGOS – Para operar o novo equipamento, a Marcon já contrata trabalhadores com capacitação técnica e prevê a criação de vagas para profissionais como operadores de painel, mecânicos e eletricistas. Além disso, a empresa estima que, na medida em que torna a exportação de açúcar por Paranaguá mais rentável, o carregador atrairá mais navios, negócios e, consequentemente, vai gerar mais empregos para as funções portuárias tradicionais. “Teremos uma demanda maior de estivadores, funcionários de armazém e caminhoneiros”, destaca Daudt.

A segurança dos trabalhadores envolvidos no carregamento do navio é outra vantagem do uso do shiploader. O manuseio da carga é feito com maior qualidade, seguindo procedimentos seguros. Além disso, o processo diminui o número de caminhões na faixa portuária e melhora o trânsito no trajeto entre armazém e porto, já que a ligação com o cais passa a ser feita por esteiras elevadas.

COMPETITIVIDADE – O uso do equipamento classificará Paranaguá como Delivereable Port na Bolsa de Açúcar Branco de Londres, que permite a comercialização do produto no sistema de negociações. Com isso, o terminal paranaense garante segurança na entrega da carga aos importadores e tem mais liquidez nos preços.

“Com a mecanização e maior regularidade nos embarques, os problemas de fila de navios e irregularidades no embarque diminuem sensivelmente, fazendo com que importadores possam se programar melhor, reduzindo seus estoques e conseqüentemente seus custos”, explica Daudt. “Calculamos que o terminal mecanizado trará um benefício de US$ 7,00 a US$ 10,00 por tonelada de açúcar, em função da maior produtividade e do menor tempo em que navios ficam atracados”, completa.

Hoje, somente os portos de Paranaguá e Santos oferecem movimentações com este tipo de shiploader no Brasil. O recorde nacional na exportação de açúcar, que deve ser atingido neste ano, impulsiona os investimentos das empresas operadoras. No caso da Marcon, por exemplo, os recursos empregados para a compra do novo equipamento chegam a R$ 30 milhões.

Para o superintendente da Administração dos Portos do Paraná, Mario Lobo Filho, o carregador mecanizado vai consolidar Paranaguá como um dos terminais preferenciais para o embarque de açúcar. “Atualmente, somos o segundo porto do país que mais exporta o produto e, vale lembrar, Santos tem o dobro do número de berços de atracação e a vantagem de estar localizado mais próximo às usinas da Região Sudeste e Centro-Sul”, compara.

“Ainda assim, Paranaguá foi responsável pela movimentação de aproximadamente 3 milhões de toneladas de açúcar entre os meses de janeiro e setembro. As melhorias constantes em equipamentos e infra-estrutura garantem que o porto paranaense sempre ofereça agilidade, segurança, qualidade aos seus usuários, além das vantagens tarifárias e logísticas. Com isso, nos tornamos mais competitivos no mercado internacional e somos capazes de atrair novos mercados”, completa Lobo Filho.

AÇÚCAR - As exportações de açúcar ensacado pelo Porto de Paranaguá chegaram a 473,3 mil toneladas nos nove primeiros meses de 2010, segundo os últimos dados divulgados. Aumento de 54% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram embarcados 282,6 mil toneladas do produto. O açúcar exportado a granel, embarcado diretamente no porão do navio, geralmente feito para o produto que ainda irá passar por processo de refino, movimentou 2,6 milhões de toneladas no acumulado deste ano e apresentou alta de 16% em relação a 2009.

Devido ao crescimento expressivo nas movimentações, em agosto a Appa facilitou o atendimento de navios de açúcar, permitindo a atracação de mais que um navio de açúcar ensacado por vez, além dos dois berços exclusivos para o embarque de açúcar a granel que, juntos, têm capacidade de embarque de 2.500 toneladas por hora. A autarquia também ofereceu prioridade para estas embarcações no Porto de Antonina.

Entre as razões para o crescimento na demanda do açúcar em 2010, está a supersafra da cana de açúcar no Brasil, aliada à seca na Ásia, que afetou a produção na Índia (produtor regular para o mercado externo). Os eventos geraram reação dos preços internacionais, do consumo em alguns países e conquista de novos mercados, como o da China, por exemplo.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.