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Era da economia criativa: as boas ideias que movimentam diferentes setores

Boas ideias e talento individual como forma para alcançar o sucesso nos negócios


O Correio publica, a partir de hoje, série de reportagens sobre o segmento que aposta nas boas ideias e no talento individual como forma de se alcançar o sucesso nos negócios. Nesse sentido, vale desde o desenvolvimento de software a um produto de designUma ideia na cabeça e o que fazer com ela. Em um mercado com produtos e serviços cada vez mais massificados, uma proposta diferente pode ser a garantia de uma boa oportunidade de negócio.

A criatividade como estratégia empresarial ganha fôlego nas mãos de empreendedores e está cada vez mais presente na economia brasileira e do Distrito Federal. São produtos e serviços inovadores, como uma mercadoria de design arrojado ou um software de tecnologia local que resolve problemas na lavoura. Dessa forma, o espírito empreendedor, aliando-se à chamada economia criativa, traz soluções de mercado. O Correio publica a partir de hoje e durante três dias uma série de reportagens sobre o crescimento desse segmento no Brasil e no DF.

Em tempos de economia com o crescimento abaixo do esperado e com criação estável de empregos, a cadeia criativa ganha significado e aparece como uma solução mercadológica. “A gente vê uma moçada dinâmica, jovem e muito qualificada apostando em uma ideia, com vontade de empreender. Com um plano de negócios, esse capital humano se torna essencial para o bom desenvolvimento de uma empresa”, afirma o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos.

 
                        "O mercado criativo tem muito de histórias pessoais, e eu fico feliz em criar um sapato e ver que uma                               pessoa com um determinado estilo se encontrou no que eu fiz"

Segundo o mapeamento Indústria Criativa no Brasil, realizado pela Federação da Indústria do Rio de Janeiro, nos últimos cinco anos, o crescimento anual desse segmento foi de 6% e movimenta no país cerca de R$ 110 bilhões, o que corresponde a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Dados do Sebrae mostram uma cifra mais volumosa — R$ 152 bilhões. No Distrito Federal, o setor é o mais expressivo, representa 3,7% de todas as riquezas produzidas na capital do país, correspondendo a R$ 6,2 bilhões anuais.

Para o superintendente do Sebrae-DF, Antônio Valdir Oliveira Filho, a capital do país tem um ambiente propício para o desenvolvimento das atividades criativas, uma vez que Brasília não tem um parque industrial significativo. “A economia local baseia-se em comércio e serviços, portanto, é preciso criar oportunidades nessas áreas”, defende. Segundo dados do Sebrae, o DF é a segunda unidade da Federação com maior potencial de mercado criativo. Perde apenas para o Rio de Janeiro.

O cenário favorável brasiliense permite o surgimento de empresas como a Frida sem Calo, da artesã Rosângela Vieira Oliveira, 33 anos. A marca existe desde 2013 e surgiu de uma inquietação dela de fazer calçados autorais e confortáveis. “Eu percebia que todo sapato me machucava, incomodava. Aí, resolvi fazer os meus. Eu achei que, por serem esquisitos, ninguém ia querer, mas, no fim, teve uma saída muito boa”, conta. Rosângela fez curso em São Paulo e produz, por mês, cerca de 30 pares. Os exemplares são únicos e vendidos a R$ 200. Atualmente, ela tem mais 4 mil seguidoras nas redes sociais. “O mercado criativo tem muito de histórias pessoais, e eu fico feliz em criar um sapato e ver que uma pessoa com um determinado estilo se encontrou no que eu fiz.”

 

Valor agregado

Países europeus como a Inglaterra apostam na economia criativa como forma de trazer para o mercado mundial produtos de maior valor agregado e diferenciais em um comércio em que a China, por exemplo, produz em grande escala os mesmos produtos. No fim da década de 1990, os britânicos mapearam as cadeias criativas do país a fim de mostrar o vasto potencial do setor na geração de empregos e de riqueza. Atualmente, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a área movimenta US$ 624 bilhões anuais em todo o mundo.

Pequenas por essência, as empresas criativas mostram que o capital humano pode ser o diferencial no sucesso do negócio. O dinheiro e a tecnologia continuam importantes, mas não as únicas respostas. Para o professor de empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas Newton Campos, é preciso lembrar que a criatividade sozinha não faz uma empresa progredir. “Não podemos ficar só com o mito de que a ideia vai levar a empresa para a frente. No fundo, empreendedores de sucesso não foram construídos apenas em cima da ideia, mas de experiência e redes de contato”, analisa.

A TerraSense é um exemplo da importância em aliar ideia com experiência e rede de relacionamentos. A empresa, incubada no Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília, existe desde 2012 (veja Vocabulário). É fruto do esforço dos irmãos Richwin Ferreira e do sócio Ticiano Bragatto, engenheiro eletricista. Igor, 34 anos, é biólogo, e o irmão, Alexandre Moreno, 28, geógrafo. Eles perceberam que poderiam montar Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant) e usá-los para o sensoriamento remoto via imagens. “Vimos que os drones poderiam diminuir o preço de serviços de mapeamento porque são equipamentos mais baratos do que satélites e aviões tripulados. Focamos na agricultura de precisão e na topografia”, explica Alexandre. Hoje, a TerraSense opera só voos de pesquisa porque a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não regulou o uso comercial.

Conceito

Nessa série de reportagens, será usado o conceito do Departamento de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido, no qual a economia criativa é formada por atividades com origem na criatividade, na perícia e no talento individual. Além disso, devem ter potencial para criação de riqueza e empregos por meio da exploração de propriedade intelectual.

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