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Escassez de matéria prima pode encarecer produtos no Natal, diz especialista

Há uma escassez de insumos, especialmente de algumas commodities agrícolas


Foto: Pixabay

Como reflexo principalmente da pandemia de coronavírus está havendo uma escassez de insumos e matérias primas na indústria e no comércio. A afirmação é de Sandra Façanha, Doutora e Mestra em Administração de Empresas e professora dos cursos de Graduação e Pós-graduação da FECAP.

Segundo a especialista, existem fatores que influenciam esse comportamento: um maior consumo no mercado interno (ainda propiciado pelo auxílio emergencial governamental), além do aumento de consumo em determinados países (caso da China), mas também porque o Real acumulou uma depreciação em torno de 40% frente ao Dólar ao longo de 2020.

"Há uma escassez de insumos, especialmente de algumas commodities agrícolas, como é o caso amplamente divulgado do arroz, mas também da soja, do milho (alta de quase 30% apenas em outubro de 2020) e da carne", diz.

Além disso, "nunca antes" na história recente do Brasil a exportação foi tão lucrativa. Desde o Plano Real em 1994, apesar de alguns picos, em nenhum momento a taxa cambial havia superado a barreira dos R$ 5,00. Também por este mesmo motivo, as importações sofrem de forma inédita, o que contribui para a enorme dificuldade de o País buscar uma compensação desses insumos no exterior.

RECUPERAÇÃO LENTA

A julgar pela opinião de diversos economistas, profissionais que conhecem profundamente as variáveis relacionadas com as questões macroeconômicas, uma recuperação mais expressiva deve acontecer somente em 2022.

"Todavia, não vamos esquecer que determinados setores fortemente atingidos pela pandemia no primeiro semestre já recuperaram as perdas sofridas, como é o caso da indústria, bem diferente dos serviços, que ainda sofrem. De certa forma, colocando nossa economia em uma perspectiva mais ampla, estamos desde 2015 sofrendo reveses no PIB que ainda nos colocam, em valores reais, abaixo do PIB de 2009".

EMPRESÁRIOS DEVEM SE REINVENTAR

A indústria se reinventou bastante. E, para qualquer empresário com um olhar mais atento, reinvenção continua sendo uma das palavras-chave. Sandra lembra do exemplo da empresa 3M, que começou com minérios e abrasivos há mais de um século e hoje é famosa pelos adesivos.

"Ao longo da pandemia, empresas que fabricavam um produto X, passaram a fabricar álcool em gel, protetores faciais, entre outros produtos associados à pandemia. A indústria de motociclos, por exemplo, produto muito procurado ao longo da pandemia, continua trabalhando em três turnos e ainda assim não dá conta! Da mesma forma, as empresas que produzem/montam bicicletas".

PRODUTOS MAIS CAROS NO NATAL

Para a especialista, o fenômeno pode encarecer os produtos, logo agora no período que antecede o Natal. "Sem dúvidas os fatores acima contribuem enormemente para elevação de preços, especialmente nesta "Black Friday". Em geral, as empresas vão tentar ganhar tanto na margem quanto no volume (não é uma opção) para recuperar o que foi perdido e de forma rápida.

Quanto mais rápido a grana entrar, mais rapidamente a empresa pode sair da UTI, por exemplo". Entretanto, se todas as empresas buscarem recompor perdas de forma rápida, por meio de aumentos exagerados, cabe ao consumidor buscar de forma mais diligente uma alternativa que faça sentido.

Sandra dá um exemplo pessoal. "Há cerca de dois meses foi inaugurado uma loja de médio porte de bebidas perto da minha casa. Eu os visitei no final de semana passado e fiquei surpresa com a variedade de rótulos de vinhos e preços relativamente bons, apesar da alta do dólar! Comprei um deles por R$ 54,90. No dia seguinte, passei em uma grande rede de supermercados e observei lá o mesmo produto, mas com o preço de R$ 69,90! Diferença de R$ 15,10 ou diferença superior a 27% do preço anterior!".

A especialista finaliza dizendo que nem sempre as empresas que detém um grande volume de produtos são aquelas dispostas a fazer um bom preço. "Essa é uma lição que todos nós já deveríamos ter aprendido. Além disso, se existe um bom hábito que muitos de nós adquirimos nesta pandemia é o de valorizar o comércio local, ajudar ao pequeno e médio empresário", completa.

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