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Especialista faz análise sobre as safras

Ele comenta os números divulgados sobre grãos, cana-de-açúcar, laranja e café


Ele comenta os números divulgados sobre grãos, cana-de-açúcar, laranja e café

A equipe do “Caminhos da Roça” foi até a chácara Recanto dos Coqueiros que fica em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, cidade conhecida como capital brasileira do agronegócio. A repórter Fernanda Mitzako conversou com Marco Antonio Conejero, economista e também pesquisador especializado em mercados agrícolas, Durante a entrevista ele fez uma análise sobre os números divulgados das safras de grãos, cana-de-açúcar, laranja e café, acompanhe:


Fernanda Mitzakoff - Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento a produção de cana-de-açúcar deve chegar a 642 milhões de toneladas, um novo recorde, resultado do crescimento da área e da boa produtividade dos canaviais das usinas, que entraram em operação. Aqui na nossa região como será a safra da cana?

Marco Antônio Conejero - A cana retomou o seu ciclo de crescimento, a gente vê novos canaviais e usinas em Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, recuperando um ciclo perdido muito pela crise no fim de 2008. A própria seca que ocorreu o ano passado, ela permitiu que cana maturasse e concentrou mais açúcar, então nós devemos ter não um índice de produtividade tão grande, mas em termo de concentração de açúcar teremos um índice positivo. Isso deve prejudicar um pouco a safra seguinte, mas como já foi dito deve acontecer um aumento de produção em áreas e isso vai compensar em crescimento em volume.

Fernanda Mitzakoff - Quais são os resultados?

Marco Antônio Conejero - Os resultados consistem em retomar a produção de açúcar e álcool, e isso deve trazer uma pequena queda no preço do álcool, que estava muito alto. E o açúcar está bem, a Índia recuperou seu índice de produção, mas não com excedente exportável, o que traz uma tranquilidade boa para o produtor de cana, para que ele continue esse ciclo de recuperação.

Fernanda Mitzakoff - O Estado de São Paulo, maior produtor de laranja, terá cerca de 355 milhões de caixas de 40,8 KG, um aumento de 19,3 %. Isto ocorre ao mesmo tempo em que a área cultivada diminuiu 1,2%. É um crescimento expressivo, o que o setor fez para aumentar a produtividade?

Marco Antônio Conejero - Esse crescimento foi bastante expressivo e surpreendeu muitos analistas, mas também é normal devido as situações climáticas que nós tivemos, um período de seca muito forte, o efeito do La niña influenciou muito o ano passado. O fenômeno associado com a chuva no momento certo fez com que florada da laranja fosse boa, então a produção foi muito positiva em função deste aspecto climático. Os produtores também fizeram seu papel: eles renovaram seus pomares, que agora estão mais produtivos. Outro aspecto positivo é o surgimento do Consecitrus, inspirado no Consecana, onde o produtor vai saber com exatidão qual é o custo industrial.


Fernanda Mitzakoff - A previsão também é de recorde com a produção nas áreas das lavouras de algodão, feijão, soja e arroz. As condições climáticas favoráveis ajudaram e com isso o país deve colher 159, 5 milhões de toneladas de grãos, 10 milhões de toneladas a mais. Com essa produção tão grande a gente pode esperar que os preços caiam ou o mercado internacional vai continuar colocando os preços para cima?

Marco Antônio Conejero - O Brasil também foi muito beneficiado pela seca que houve no último ano. A gente esperava que fosse prejudicar um pouco a colheita, a produção, mas isso não ocorreu, a chuva veio no momento certo. A Argentina e os Estados Unidos sofreram um pouco com a seca também, então se esperava ter uma safra pequena, mas tudo indica que eles também deverão ter uma safra significativa. Portanto a gente ainda não pode definir se os preços vão ou não cair. Eu pessoalmente acredito que não, eu acho que o cenário da demanda está muito forte, principalmente da China, e isso faz com que os preços se mantenham em um patamar bastante interessante para o produtor.

Fernanda Mitzakoff - Agora vamos falar sobre o café. Estamos em temporada de baixa produtividade, a redução deverá ser de 9,5 % colhendo 43,54 milhões de sacas de 60 Kg do produto beneficiado. A área plantada registra uma pequena queda de 0,31% totalizando 2 milhões e 200 mil hectares. Como devem ficar os preços do café este ano para o produtor?

Marco Antônio Conejero - Então, o café tem esse ciclo de alta e baixa, nós estamos começando o ciclo de baixa em produção, mas mesmo assim os preços seguem muito positivos, principalmente porque a Colômbia está fora desse mercado. Ela continua no mercado, mas com uma produção bastante inferior ao que eles normalmente produzem. Então é possível esperar um cenário positivo, mesmo com esse ciclo de baixa, ou seja, os preços devem compensar essa produção um pouco menor, fazendo com que o produtor também ganhe o seu dinheiro.

Fernanda Mitzakoff - E para o consumidor, como fica?

Marco Antônio Conejero - Para o consumidor, sem dúvida, vai ter um pequeno aumento de preço, mas nada significativo.

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