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Especialista pede que seja dada à agricultura “a prioridade que merece”

Para o especialista, sair da crise requer sobretudo a vontade política


Na opinião de Albert Sasson, devido ao aumento internacional nos preços dos alimentos e sua incidência sobre a segurança alimentar e a pobreza, os governos e as agências de cooperação devem dedicar agenda para a agricultura

San José, Costa Rica (IICA) - “No mundo não haverá paz enquanto tenhamos bilhões de seres humanos famintos. A mudança climática, as altas nos preço do petróleo e dos insumos agrícolas são algumas das causas da insegurança alimentar, mas a principal é que nos esquecemos da agricultura e de dar a ela a prioridade que merece”, sustentou Albert Sasson, reconhecido cientista, em um fórum organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Na concepção do especialista, que é assessor internacional em biotecnologia e Diretor Geral Adjunto da UNESCO, após a Revolução Verde – caracterizada pelo aumento da produtividade agrícola graças ao uso extensivo de água, fertilizantes e pesticidas— acreditou-se controlada a situação alimentar mundial e pouco a pouco a agricultura foi descendendo das agendas dos governos “até que ocupou o último lugar”, sentenciou. Tal caso é comprovado pelo fato da ajuda internacional ao desenvolvimento da agricultura ter descido ao 0,3% do total global.

No entanto, a crise econômica internacional de 2008 colocou outra vez nas agendas a necessidade de produzir alimentos suficientes, de qualidade e a preços acessíveis para alimentar à população mundial.

“A comida é cara e a cada dia será mais cara. O preço do barril do petróleo chega aos US$110, a tonelada de milho alcançou há alguns dias os US$320 em Chicago, os supermercados criam cada vez mais suas próprias marcas porque as que compravam se tornaram impagáveis e de 800 milhões de pobres se passou a um bilhão depois da crise. A solução está na agricultura, se a outorga a importância que tem”, manifestou Sasson.

A respeito do assunto, o Diretor Geral do IICA, Víctor M. Villalobos, destacou a relevância da ciência neste panorama agrícola. “Quando a humanidade encontra problemas no seu desenvolvimento a ciência chega ao resgate. Assim foi, por exemplo, com a Revolução Verde, apesar de suas deficiências. Hoje a humanidade tem tomado consciência de que os métodos agrícolas tradicionais não são suficientes para garantir a segurança alimentar; a ciência vem de novo ao resgate com diversas ferramentas, uma delas é a biotecnologia”, afirmou Villalobos.

Boa agronomia, biotecnologia e vontade política

Para o especialista, sair da crise requer uma sinergia entre a boa agronomia, a biotecnologia, mas sobretudo a existência de uma vontade política: “é necessário destinar ao menos US$20 milhões de dólares ao ano em desenvolvimento agrícola”, argumentou.

A boa agronomia permitirá recuperar a fertilidade dos solos, que experimentam uma espécie de fadiga devido ao uso excessivo de fertilizantes e pesticidas.

Assim mesmo, se deve enfocar no bom manuseio da água. “Aplicar, por exemplo, a irrigação por gotejamento”, explicou o cientista. “A boa agronomia permitirá utilizar cada gota de água de maneira sábia. Quando falamos de rendimentos já não se deve falar de toneladas por hectares, senão de unidades de água utilizada para produzir”, continuou.

O emprego de sementes certificadas também é de grande importância para garantir que tenha um bom rendimento.

Estas ferramentas, dadas pela boa agronomia, se devem mesclar com outras ferramentas científicas que impulsionarão a agricultura competitiva e sustentável que requer o mundo atual. Uma delas, de acordo com o especialista, á a biotecnologia.

A biotecnologia permitirá desenvolver cultivos resistentes as pragas, inundações e secas, evitando a perda de colheitas cada ano; possibilitará também criar alimentos mais variados e com grande quantidade de nutrientes, como zinco, ferro, ômega 3 e ômega 6. Será, ainda, importante na luta contra a mudança climática e o deterioramento ambiental, ao criar cultivos que requerem menor uso de agroquímicos. “O algodão hoje necessita ser roçado com pesticidas cerca de 12 vezes, enquanto que o transgênico só requer de 2 a 4 vezes”, disse Sasson, o qual se traduz em uma economia importante, especialmente para os pequenos produtores.

Alimentos de melhor qualidade, com maiores rendimentos e a menores custos de produção se traduzem em maiores ganhos para os produtores; “não é em vão que quem mais utiliza esta tecnologia são os pequenos e médios produtores”, explicou Sasson. Entretanto, o cientista sinalizou que estes esforços requerem, necessariamente, de uma vontade política disposta a investir em tecnologias que cheguem aos pequenos produtores e fez um pedido ao IICA para que contribua com essa missão.

Tal pedido foi respondido pelo Coordenador do Programa Biotecnologia e Biosegurança do Instituto, Ramón Lastra, quem assegurou que o Instituto continuará desenvolvendo capacidades institucionais na matéria, ‘conscientizando’ ao público sobre a realidade da biotecnologia por meio de informações baseadas em feitos científicos e apoiando a formulação de políticas nacionais de biotecnologia e biosegurança que impulsionem seu uso de maneira segura.

As informações são da assessoria de imprensa da pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

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