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Especialistas debatem qualidade da fibra

II Workshop da Qualidade de Fibra do Algodão de Mato Grosso


Que características deve ter a fibra produzida pelos cotonicultores mato-grossenses para atender as exigências do mercado nacional e internacional? Algumas respostas a essa pergunta foram dadas durante o II Workshop da Qualidade de Fibra do Algodão de Mato Grosso, que reuniu cerca de 150 pessoas - entre produtores, pesquisadores e técnicos - na sexta-feira (22 de agosto). Realizado pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e pelo Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), o evento faz parte do Programa de Qualidade da Fibra de Algodão no Estado de Mato Grosso, financiado pelo Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

Na opinião de MIlton Garbugio, presidente da Ampa e do IMAmt, o Workshop cumpriu  o seu papel no sentido de levar aos produtores informações sobre a realidade e as demandas de todos os elos da cadeia produtiva no que diz respeito à qualidade intrínseca da fibra e a contaminações, entre outros aspectos.

"Sempre poderemos ter alguns problemas na qualidade da fibra em decorrência do clima ou de pragas, mas temos que fazer nosso dever de casa para que o nosso produto tenha uma imagem melhor e seja mais valorizado pelos consumidores do mundo inteiro", comentou Garbugio após o evento. Hoje, Mato Grosso responde por aproximadamente 60% da produção de algodão e das exportações de pluma do País.

Em uma das palestras mais aguardadas do Workshop, o Prof. Dr. Eric F. Hequet, diretor do Fiber and Biopolymer Research Institute (FBRI) da Texas Tech University, avaliou o cenário presente e futuro do consumo de algodão no mundo. Considerado uma liderança internacional na investigação sobre a medição de propriedades das fibras de algodão e seus contaminantes e aspectos específicos da qualidade, Hequet alertou para a queda na participação da fibra de algodão no mercado mundial. Utilizando dados do Icac (Conselho Consultivo Internacional do Algodão), que indicam uma queda constante nessa participação a partir dos anos 1960, Hequet disse que, caso essa tendência não seja revertida, a fibra de algodão corre o risco de ficar restrita a um nicho de mercado, deixando de atrair novos investimentos das companhias privadas, como ocorreu com a fibra de lã.

O palestrante falou sobre a tendência de concentração da maioria dos novos equipamentos da indústria têxtil no Sudeste asiático e na Oceania (mais de 90% das máquinas, segundo o ITMF, entidade internacional que reúne as indústrias têxteis). "Já que esses mercados asiáticos apresentam prioritariamente fiações de anel, os países produtores têm que oferecer uma fibra que atenda a esse tipo de fiação", afirmou.

Com relação à qualidade da fibra, o pesquisador enfatizou a importância de sua maturidade, sob o argumento de que uma microestrutura fraca leva a uma fibra pouco resistente à ruptura, o que pode provocar altos índices de fibras curtas. Hequet destacou que os programas de melhoramento do algodão devem levar em conta as propriedades que favoreçam o processamento mecânico na indústria têxtil. Segundo ele, a distribuição das diversas características de fibra é tão importante quanto as médias dadas pelo HVI (High Volume Instruments - aparelhos integrados utilizados na classificação instrumental da fibra).  Nesse sentido, Hequet defende a importância  de que os programas de melhoramento genético do Brasil trabalhem também com aparelhos AFIS, além dos instrumentos HVI.

Pegajosidade - Em outra palestra, a engenheira têxtil Vanessa Bellote, da TAVEX, detalhou os procedimentos realizados pela empresa para o controle da qualidade do algodão comprado, visando a garantir o máximo desempenho da fibra na indústria. Ela destacou a importância de evitar a fibra pegajosa, já que essa característica pode atrapalhar muito o andamento das fiações.

Coordenador do Grupo de Trabalho de Qualidade da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Rodinei Frangiotti,  falou sobre todos os procedimentos que estão sendo realizados  para a implantação do Laboratório Central de Referência para HVI, em Brasília. O laboratório está previsto para entrar em operação em 2015, o que vai garantir a padronização dos processos de análises de HVI, no Brasil, mostrando ao mercado nacional e internacional o compromisso dos cotonicultores brasileiros com a qualidade do algodão.

O Workshop contou com a participação de representantes de grupos e cotonicultores associados à Ampa, que mostraram a visão dos produtores; do coordenador do Laboratório da Unicotton, em Primavera do Leste, Valmir Lana, que apresentou a visão dos classificadores;  de João Luiz Ribas Pessa, delegado da Abrapa junto ao Icac;  do pesquisador da Embrapa Algodão João Paulo Saraiva Morais, e do engenheiro têxtil da Cooperfibra, Antonio Marcos do Nascimento, que falou sobre métodos de elaboração de misturas de algodão nas fiações.

Termo de cooperação - Durante o período da tarde, foi feito um resumo das atividades do Projeto Qualidade da Fibra de Mato Grosso nos últimos dois anos, com a participação do pesquisador melhorista Jean Belot (do IMAmt); de Alexandre Fernandes de Azevedo, especialista em Colorimetria Têxtil do Senai/Cetiqt; Amandio Peres Junior, coordenador técnico de Segurança do Trabalho do IMAmt, e Renildo Luiz Mion, professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)/campus Rondonópolis. 

O Workshop foi encerrado com a assinatura de um Termo de Cooperação entre a Texas Tech University e o IMAmt e a decisão dos participantes de dar continuidade ao Programa de Qualidade do Algodão de Mato Grosso nos próximos três anos.  Sérgio Gonçalves Dutra, consultor do IMAmt e coordenador do Projeto Qualidade de Fibra, falou sobre as próximas ações.

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