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Espécies transgênicas podem se autodestruir

Instituto alemão descobriu a possibilidade


Organismos geneticamente modificados poderiam potencialmente fazer muitas coisas boas pelo planeta, como terminar com as doenças ou acabar com a fome. Mas há um grande problema. Quando se libera algumas espécies na natureza, como se pode prevenir a reprodução com organismos desalinhados no ambiente natural e produzindo uma descendência híbrida que os cientistas não possam controlar ou regular?

“Este é um problema que tem sido reconhecido por um bom tempo”, diz o biólogo sintético Maciej Maselko da Universidade do Minnesota.

Junto à equipe do Instituto de Biotecnologia da Unviersidade, Maselko veio com uma solução radical para este dilema científico, mas é uma solução que ninguém a favor da criação de transgênicos gostaria muito de ver.

“Nós queremos algo que seria idêntico ao original em todas as formas, salvo que é geneticamente incompatível”, explicou Maselko à revista Nature.

Para chegar a isso, os pesquisadores foram pioneiros em algo que eles chamam de incompatibilidade sintética. Em um estudo divulgado em Outubro, a equipe descobriu como a incompatibilidade sintética age como “uma barreira genética à reprodução sexual entre populações compatíveis pela ativação de genes letais em descendência híbrida depois de acasalamentos não desejados”.

Em outras palavras, não é possível parar plantas, animais e micro-organismos geneticamente modificados de acasalar com seus congêneres orgânicos, mas ao menos se pode exercer algum controle mortal sobre o que aconteceria depois.

Para fazer isso, os pesquisadores dependem da ferramenta de edição de ferramentas CRISPR-Cas9, mas em vez de editar os genes alvo e substituir eles com código alternativo, mas a incompatibilidade sintética faz algo muito diferente.

Fazendo uso de uma nova classe de ferramentas molecular chamada de “fatores programáveis de transcrição”, os pesquisadores foram capazes de alterar a expressão do gene em qualquer descendência produzida ao cruzamento entre transgênicos e espécies nativas.

“Essa abordagem é particularmente valorosa porque nós não introduzimos nenhum gene tóxico. A incompatibilidade genética resulta de genes que já estão no organismo que estão sendo ligados no lugar errado e na hora errada”, explicou Maselko.

E ativar genes pode ter um efeito devastador. No estudo do ano passado, a equipe demonstrou incompatibilidade sintética, onde genes sobreativos nas leveduras basicamente fez com que se autodestruíssem em função de uma proteína não regulada que infla os organismos até explodirem. Mas equipe coloca os olhos em muito mais que a levedura. A incompatibilidade sintética pode funcionar em virtualmente qualquer organismo reprodutor sem mudar como eles normalmente “cresceriam”. Na nova pesquisa, a equipe discute como os experimentos tem reduzido a reprodução da mosca-branca, Drosophila melanogaster.

“Aplicações animais de incompatibilidade sintética incluem biocontrole genético de espécies de pestes, substituindo populações do vetor da doença com organismos transgênicos não vetores, prevenindo o fluxo de gene entre um peixe geneticamente modificado ou gado e os congêneres não modificados geneticamente”, disseram os pesquisadores.

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