A estiagem de quase 20 dias nas regiões produtoras do Paraná já ameaça a safra de soja. A situação é mais crítica no oeste, norte e sudoeste do estado, segundo levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura. O resultado do primeiro levantamento sobre os efeitos na seca deverá ser conhecido quarta-feira. "Não dá para descartar a possibilidade de quebra na safra principalmente se não chover nos próximos dias", diz Otmar Hubner, engenheiro agrônomo do Deral.
A previsão inicial era de uma safra de 12,4 milhões de toneladas no Paraná, 23% mais que no ano anterior, quando a quebra foi de 17%. Assim como no ano passado, as chuvas estão irregulares, segundo Luiz Roberto de Souza, agrônomo do Deral. "Pode chover em uma propriedade, enquanto a vizinha sofre com a seca, o que dificulta o levantamento real dos problemas".
Com apenas 4% da safra já colhida, a maior parte da lavoura está suscetível à seca. Segundo o Deral, 20% da área plantada está em fase de floração e 57% em frutificação – as duas fases mais críticas. Outros 20% estão em fase de maturação e 3% em desenvolvimento vegetativo.
Mesmo com a perspectiva de quebras da safra no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, os preços no estado continuavam estáveis na última sexta-feira. O preço pago ao produtor estava em R$ 26,46 por saca. Segundo o Deral, o preço está abaixo dos custos de produção, estimado por saca em R$ 31.
Os preços Paranaguá, no entanto, tiveram ligeira alta entre R$ 31,50 e R$32, com valorização entre R$ 1,50 e R$ 2 por saca. Para Odinéia Santos, da consultoria Safras & Mercado, os próximos dias serão decisivos para o mercado. "Depender da chuva", diz. A longo prazo, apenas a redução da área de plantio nos Estados Unidos poderá impulsionar os preços, diz.