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Estiagem atinge todas as regiões do Rio Grande do Sul


Todas as regiões do Rio Grande do Sul estão sendo afetadas, em diferentes escalas, pela estiagem. As chuvas ocorridas nos últimos dias foram esparsas e de fraca intensidade, não recuperando o quadro de falta de umidade do solo. A região do Alto Uruguai é a mais atingida, com dificuldades para irrigação das culturas e, até mesmo, fornecimento de água para os moradores em algumas localidades. O levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar aponta que o milho e o feijão são as culturas mais prejudicadas.

A permanência desse quadro climático aumenta os prejuízos. No entanto, os institutos de meteorologia mantêm o prognóstico de chuvas a partir da segunda quinzena de janeiro, o que poderá representar uma recuperação das pastagens e lavouras que ainda se encontram em fase de desenvolvimento vegetativo, como é o caso da soja e do arroz.

O milho é a cultura mais prejudicada pela estiagem no estado em função do alto percentual (61%) de lavouras nas fases de floração e enchimento de grãos, período no qual a falta de umidade prejudica a produtividade. A avaliação dos técnicos da Emater/RS-Ascar é de que, embora a situação seja preocupante, é bem provável que a atual estiagem cause menos prejuízos na produção do a ocorrida na safra passada. Até o momento, as informações recebidas dos escritórios municipais da instituição apontam que a situação mais grave se localiza no Alto Uruguai, onde foram plantados cerca de 196 mil hectares de milho nessa safra. Os índices médios de redução da produtividade em relação às expectativas iniciais podem chegar a 50%.

Na região do Alto Jacuí, as lavouras de milho, em sua maioria na fase de enchimento de grãos, começam a apresentar redução no peso dos grãos. Na região Celeiro, os prejuízos chegam a 30%. Nas regiões das Missões e Planalto, as situações das lavouras são bastante distintas, o que dificulta uma aproximação mais precisa em termos de perdas. Nas demais regiões, o retorno das chuvas poderá reverter em parte a situação, pois ainda é alto o percentual de lavouras que não entraram em fase de florescimento.

No estado, é possível que, dependendo do retorno das chuvas, municípios localizados em zonas mais quentes, como Missões, Alto e Médio Uruguai, realizem um segundo plantio da cultura, tentando assim amenizar os prejuízos da safra normal. A estimativa inicial de produtividade média da Emater/RS-Ascar para esta safra, anunciada há cerca de dois meses, é de 3,5 mil quilos por hectare.

Feijão:

Nas regiões Central e Vale do Rio Pardo, onde a colheita está muito adiantada e praticamente encerrada em algumas áreas, já se contabiliza redução de produtividade em lavouras em cerca de 30% sobre projeção inicial. Mesmo assim, a média é próxima aos mil quilos por hectare. No Médio Alto Uruguai, a estiagem não afetou o desenvolvimento da cultura, mantendo-se os rendimentos esperados.

Na Zona Sul, onde se situa o município de Canguçu, que possui a maior área de cultivo de feijão do estado, apenas 15% da área foi colhida, restando 15% em floração e 70% em formação de vagem e enchimento de grãos, fases consideradas críticas e que necessitam de boa quantidade de umidade no solo para seu pleno desenvolvimento. Na região da Produção, que abrange os últimos 15% de área de lavoura do Planalto Médio à colher, a estiagem deverá reduzir os rendimentos esperados, mas sem avaliação até o momento.

Nas Missões, a maior parte da área de lavoura já foi colhida, com bons rendimentos. No Alto Uruguai, restam colher cerca de 50% da área, que podem apresentar quedas na rentabilidade, o que não ocorreu nas lavouras que já foram colhidas, onde não houve perdas significativas.

Arroz:

A cultura se encontra predominantemente na fase de perfilhamento, com 97% das lavouras nessa situação. Ao redor de 3% já começam a entrar em fase de floração. A maior preocupação dos orizicultores é com o nível das barragens e com a capacidade de vazão dos rios e arroios utilizados para a irrigação. A manutenção do atual quadro climático por mais alguns dias poderá fazer com que os produtores revejam suas estratégias e é possível que em alguns quadros a irrigação tenha que ser diminuída ou mesmo interrompida. Para a cultura essa situação parece paradoxal, uma vez que a ocorrência de chuva por tempo prolongado, na fase de floração, é prejudicial, podendo também diminuir a produtividade.

Soja:

A cultura se encontra praticamente toda semeada. Os 94% da área que se encontram em desenvolvimento vegetativo começam a comprometer a potencialidade em termos de produção, com germinação e crescimento não uniformes. Casos de murchamento em reboleira ou mesmo morte em determinados talhões já são observados nas regiões mais afetadas pela estiagem. Aproximadamente 5% das lavouras estão em fase de floração, onde a falta de água por períodos prolongados determina sérios prejuízos à produtividade. Dessa forma, ainda é prematura estimar impactos da estiagem para essa cultura.

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