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Estiagem melhora a qualidade das uvas no Rio Grande do Sul

A uva branca chardonnay apresentou qualidade excepciona


O mesmo clima seco provocado pelo fenômeno La Niña que preocupa o setor de grãos leva aos produtores vitivinícolas a certeza de uma boa safra em 2012. Na Serra gaúcha, muitas estão antecipando a colheita de uvas em função das condições climáticas favoráveis. A Vinícola Perini recebeu, em Farroupilha, as primeiras 34 toneladas desta safra na quinta-feira. A uva branca chardonnay, destinada à elaboração de espumantes, apresentou qualidade excepcional, segundo o enólogo Leandro Santini. "Acredito que esta será a melhor safra da história. Nunca recebemos uvas com tão boa sanidade e equilíbrio entre maturação e acidez", comemora o diretor-presidente Benildo Perini, que acompanhou de perto, logo cedo, o recebimento das uvas de quatro produtores de Monte Belo do Sul.


Para Benildo Perini, as condições climáticas com tempo seco e temperaturas amenas à noite farão a atual safra superar a de 2005, até então a melhor da década passada, e também a saudosa safra de 1991. Um exemplo da qualidade da uva recebida nesta quinta é a evolução do Grau Babo, que representa a quantidade de açúcar, em peso, existente em 100g de mosto. As primeiras uvas recebidas na Perini tiveram entre 16,5 e 17 Graus Babo. "No ano passado, as primeiras uvas que recebemos tinham entre 14 e 15 Graus Babo", lembra o enólogo. "Não temos dúvida de que para Perini esta será a safra da história", destaca Benildo Perini.

Na Domno do Brasil, a colheita das variedades brancas foi iniciada já na terça-feira e também apresenta sinais de qualidade superior à safra passada. O enólogo da vinícola, Daniel Dalla Valle, destaca que os vinhedos estão em perfeitas condições de maturação e que, apesar de ainda ser cedo para previsões, as expectativas são de bons vinhos base para espumantes e vinhos a partir desta safra. "As uvas estão maturando muito bem, a quantidade está menor do que o ano passado, mas tudo indica que a qualidade vai superar 2011", afirma.

O enólogo da Domno argumenta que o momento da colheita também é fundamental para o resultado final dos vinhos e espumantes, e não somente as condições climáticas. Se o clima persistir na atual situação, as uvas tintas também devem ter qualidade superior a 2011. Na vinícola, o principal cultivo entre as tintas é a cabernet sauvignon, que deve ser colhida a partir da segunda quinzena de fevereiro, quando elas devem atingir o nível de açúcar ideal para elaboração de vinhos.


Na quarta-feira foi a vez de a Cooperativa Vinícola Garibaldi dar a largada em sua colheita. Pelos primeiros exemplares recebidos, já se percebe qualidade bastante superior à safra de 2011. O enólogo da Garibaldi, Gabriel Carissini, revela que maturação das uvas chardonnay, as primeiras a serem colhidas, está ideal, com equilíbrio entre açúcar e acidez. Mesmo com os altos ganhos em qualidade, a seca traz como contrapartida a redução no volume de uvas colhidas. Ainda assim, a Garibaldi deve se manter no mesmo patamar de 2011, reduzindo suas expectativas para 2012 em 10% a 15% em quantidade, fator que não tira o otimismo da cooperativa.

Carissini revela que as boas condições para o plantio também devem incidir e uma qualidade excepcional no caso das uvas tintas. "A sanidade das uvas está muito boa, pois com a seca os fungos não conseguem se desenvolver, então tudo indica que as outras uvas também vão ser excelentes, assim como a chardonnay, até porque o clima seco influencia muito mais as uvas tintas do que as base de espumante", explica. O enólogo acrescenta que para a produção do suco de uva, o clima também está ajudando, pois apesar de a falta de água atingir com maior intensidade o segmento, a maior possibilidade de maturação das uvas torna os sucos mais doces e menos ácidos.

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