CI

Estiagem prejudica pasto e preocupa pecuaristas de MS

Criadores usam alternativas para minimizar os efeitos da seca


Sem chuva há quase um mês, pastagem apresenta os reflexos da estiagem. Criadores usam alternativas para minimizar os efeitos da seca

A imagem típica do inverno já aparece nos campos de Mato Grosso do Sul. Há quase um mês sem chuva significativa os reflexos da estiagem estão cada vez mais presentes. O verde das pastagens dá lugar a uma cobertura amarelada, sinal de que a oferta de alimento para o rebanho é bem menor.


A partir de maio, o clima começa a ficar desfavorável para as pastagens no Centro-Oeste. Em MS, os produtores estão muito preocupados por causa da instabilidade. Primeiro veio a seca no ano passado, depois chuva intensa e o frio chegou antes, em abril.

Fernando Flores que além de pecuarista, gerencia um confinamento, está preocupado com o clima. Só restaram os animais mais leves, que também estão com os dias contados no pasto. Até julho, as 1200 cabeças estarão confinadas.

A seca já começou e que pelo andar da carruagem, o pico dela deve ser mais cedo. “Todos os animais desta propriedade serão destinados ao confinamento, facilitando assim o manejo da pastagem, pra que quando as primeiras chuvas chegarem nós tenhamos uma fazenda vedada e preparada para receber os animais na safra” explica Fernando.

No confinamento os piquetes já estão prontos para a chegada do rebanho. Além do gado próprio, abrigam também animais de outras fazendas. A estrutura tem capacidade para até 50 mil cabeças ao mesmo tempo. Por enquanto, o número de animais confinados não chega a dez mil, mas a expectativa é que ultrapasse 35 mil cabeças nos próximos meses.

A ultima previsão da Associação Nacional de Confinadores era de um aumento de 30% no número de animais confinados em todo o Brasil. Mas o preço dos grãos, principalmente o milho, surpreenderam os produtores.

O milho é a base da alimentação no confinamento. Do ano passado pra cá, a saca do grão praticamente dobrou no mercado. Em 2010 chegou a ser vendida por menos de R$ 13. Este ano, já é negociada a R$ 24. O diretor da Associação dos Confinadores em Mato Grosso do Sul, João Borges, diz que além desta variação, a incerteza no mercado da carne pode atrapalhar novos investimentos.


“Hoje o mercado está muito depressivo em termos de preço para o futuro. A sinalização de preço para contratos de outubro na bolsa de juros está sinalizando hoje à R$ 102,80, quer dizer, é quase como se fosse, tirando a inflação, o mesmo preço de agora em outubro em plena intersafra. Então nós ainda não temos essas variáveis definidas. Com pouco espaço o produtor vai ter essa definição de safrinha, uma melhor possibilidade de travamento de preços em bolsa, ou adermo. Então as coisas começam a se equacionar, mas mesmo nos níveis que estão acontecendo agora, ainda é uma atividade viável” comenta o diretor da associação.

Mesmo assim, o produtor Fernando Flores está otimista. Ele fez as contas e concluiu que para cada arroba produzida no confinamento são gastos R$ 72. Ano passado era R$ 60. Mas com a valorização do boi, a arroba hoje é vendida por mais de R$90 no estado. E para tentar minimizar os custos, Fernando adotou um novo sistema de alimentação.

Em vez de silagem de milho, a ração leva apenas 10% de volumosa, que é o bagaço de cana de açúcar. E o restante fica por conta do concentrado. Uma mistura feita com milho, soja, aveia e torta de algodão.

O resultado é o ganho de um quilo e meio no caso dos animais adultos, por dia. Segundo Fernando, mesmo com a alta do milho, utilizar a mistura é econômico em logística e mais rico em ganho de peso.

“A silagem de milho é um produto excelente, de muita qualidade, muito boa aceitação dos animais, e que ajuda bastante na adaptação deles, mas a dieta, nutricionalmente falando, a gente consegue chegar a valores até melhores do que uma dieta com alto volumoso ou com alta quantidade de silagem de milho como concentrado” comenta o produtor.

Os especialistas no setor, também esperam que a incerteza tenha dias contados para terminar.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.