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Estoque de alimento custará até R$ 5 bi

A retomada da política de estoques públicos visa acabar com a posição "neoliberal" que havia até hoje


Governo quer comprar cerca de 6 mi de toneladas de arroz, feijão, milho e trigo; uma meta é evitar altas especulativas. Outro objetivo será regular as Bolsas de Futuros; em vez de grandes volumes, Conab comprará pequenos lotes e observará variação de preço.

A retomada da política de estoques públicos visa acabar com a posição "neoliberal" que havia até hoje e terá duas funções: evitar a falta de alimentos, mas também ter um efeito regulador nas Bolsas de Futuros. A avaliação foi feita ontem em entrevista concedida à Folha pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Wagner Gonçalves Rossi.

"Notamos que essa política [de estoques] tinha um caráter mais neoliberal, tirava muito o governo da ação direta para conter altas especulativas etc. Para fazer isso, o governo precisa ter estoques", disse. Segundo ele, a renovação do estoque ocorrerá, no máximo, a cada dois anos.

A política de estoques públicos foi encerrada na década de 1990 e retomada neste ano, no Plano Agrícola e Pecuário, voltado para a agricultura empresarial. A idéia do governo é comprar cerca de 6 milhões de toneladas de arroz, feijão, milho e trigo por um valor entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões.

Segundo Rossi, a Conab adotará nova estratégia na formação dos estoques. Em vez de grandes volumes, que exigem altos gastos de armazenagem, a companhia comprará pequenos lotes de produtos e acompanhará a oscilação dos preços no mercado para ver se é preciso comprar mais ou não.

"Estamos começando a implementar o retorno aos estoques públicos, mas não aquele tipo de estoques de antigamente, com enorme quantidade e armazenagem caríssima."

O presidente da Conab explicou que os estoques servirão para uma espécie de regulação do mercado futuro de commodities, onde se negociam as safras que ainda serão colhidas.

O raciocínio do governo é simples. Os investidores utilizam a incerteza sobre a produção agrícola, que depende de clima, ausência de pragas e financiamento, para especular sobre a cotação do produto. Com os estoques públicos, fica mais difícil especular, porque o governo pode vender ou comprar no mercado para manter a cotação em uma determinada faixa de preço.

"São pequenos estoques que terão dupla função: estoques estratégicos, para uma eventualidade, situação de catástrofe climática ou desabastecimento. Mas terão também capacidade de ter efeito regulador para conter uma eventual alta especulativa", afirmou.

Rossi admitiu, ainda, que a alta no preço dos fretes e a escassez de transporte no mercado vêm dificultando a comercialização de alimentos no país. Segundo ele, "o produtor está tendo cada vez mais dificuldade de encontrar caminhões", assinalou.

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