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Estudo mostra potencial da cana para bioenergia

O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência da conversão da energia solar em biomassa


Foto: Marcel Oliveira

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, de Botucatu (SP), avaliou o potencial da cana-de-açúcar na produção de bioenergia  e como a cultivar escolhida interfere na eficiência produtiva.

A pesquisa respondeu a duas questões pouco estudadas sobre esse tema: qual a eficiência da cana-de-açúcar em converter a energia solar interceptada pelas folhas em biomassa? Como essa eficiência é influenciada pelo ambiente de produção e pelas cultivares?

O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência da conversão da energia solar em biomassa, bem como a energia disponível por área (hectare) e a produtividade dos colmos, em função do ambiente de produção em diferentes cultivares. 

Os experimentos foram realizados em dois ambientes de produção no Brasil, nos municípios de Prado Ferreira (PR) e Presidente Bernardes(SP), utilizando três cultivares de cana-de-açúcar (SP80-3280, RB855156 e RB867515), em dois ciclos de cultivo.

“De maneira geral, observamos que a eficiência da conversão pode aumentar em 51,3% em função do ambiente de produção e da cultivar utilizada. A eficiência em converter energia solar em biomassa foi em média de 3,8% na cana planta (primeiro corte) e 3,3% na cana soca (segundo corte) na área do Paraná, e de 2,9% e 2,2%, respectivamente, na área paulista”, explica o professor Marcelo de Almeida Silva, coordenador estudo e do grupo de pesquisa do Laboratório de Ecofisiologia Aplicada à Agricultura da FCA/UNESP. 

“Além disso, também registramos que a interação entre o ambiente de produção e a cultivar escolhida causa variação de 75,80% na produtividade do colmo, e a produtividade da biomassa é menos afetada pelo déficit hídrico do que a produtividade do colmo”.

Em termos de aplicabilidade, os resultados demonstram quantitativamente a importância da correta alocação de cultivares nos ambientes de produção. “É fundamental ter atenção ao manejo varietal, aquele que contempla a interação com o solo, épocas de plantio e de colheita, entre outras condições, para se obter a melhor eficiência na conversão da energia solar em biomassa e explorar ao máximo o potencial produtivo de cada cultivar de cana-de-açúcar”, salienta o docente.

A pesquisa foi tema da tese de Alexandrius de Moraes Barbosa, que realizou seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Agricultura, na FCA/Unesp, com bolsa Fapesp, sob orientação do professor Marcelo Silva. Atualmente, Barbosa é docente da Unoeste Também são autores do artigo Rafael Rebes Zilliani, Carlos Sérgio Tiritan (ambos da Unoeste) e Gustavo Maia Souza (Universidade Federal de Pelotas).

Outros trabalhos nessa linha de pesquisa já foram realizados, porém em câmaras de crescimento, em vasos, com um tipo de solo, por exemplo. O produtor de cana-de-açúcar muitas vezes conhece o conceito de manejo de cultivares e ambientes de produção, isto é, qual cultivar é a mais indicada para ser cultivada em determinadas condições de solo e clima. 

Os resultados do trabalho foram publicados em julho pela revista Renewable and Sustainable Energy Reviews, uma das mais bem conceituadas na área de energias renováveis e sustentabilidade, com o título de “Energy conversion efficiency in sugarcane cultivars as a function of production environments in Brazil”.
 

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