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Estudo mostra que soja empurra pecuária para área de florestas

O crescimento das áreas de plantação de soja está deslocando os terrenos usados para a pecuária para dentro das florestas


O crescimento das áreas de plantação de soja está deslocando os terrenos usados para a pecuária para dentro das florestas e indiretamente está produzindo desmatamento. A conclusão é do estudo "Relação entre Cultivo de Soja e Desmatamento", realizado por iniciativa do Grupo de Trabalho sobre Florestas do Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais para Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS).

O estudo levou em conta questões relacionadas com a expansão da área cultivada, principalmente no estado do Mato Grosso e na Amazônia brasileira, sem analisar a relação entre desmatamento e processos secundários da produção do grão, como o beneficiamento (em que é usado carvão vegetal), e os impactos gerados pela instalação de infra-estrutura de escoamento, como a construção de estradas.

"Há dois principais resultados [do estudo]: o primeiro aponta para fato de que a soja empurra a pecuária para áreas de floresta. O segundo é que o prazo entre o desmatamento e a instalação da cultura da soja se reduziu muito ao longo dos últimos anos. Antes, era de cinco, seis anos. Agora, passou a ser de dois, na média", afirma o coordenador da pesquisa, Roberto Smeraldi.

Segundo o estudo, a soja, apesar de influenciar o aumento do desmatamento de florestas, não é o único fator a agir no processo. "A análise entre a expansão da soja e a taxa de desmatamento nos municípios mostrou que existe uma relação indireta entre os dois processos, ou seja, a soja é um dos fatores do desmatamento, mas não é o único e o influencia indiretamente".

Smeraldi destaca que não há um "vilão" do desmatamento, ou seja, o desmatamento nas proporções atuais é resultado da existência de uma "sinergia", de uma "cadeia do desmatamento". "É um processo, é um ciclo, não existe o vilão. Qual é o efeito da soja nesse ciclo? Ela é um turbinador do processo de desmatamento. Ela torna o processo de desmatamento mais rápido e o direciona para as áreas que são de interesse para agricultura mecanizada", analisa.

O estudo indica também que uma das conseqüências do processo de expansão da fronteira agrícola nas regiões Centro-Oeste e Norte é a concentração fundiária, de renda e dos sistemas produtivos (grandes fazendas de gado e monoculturas mecanizadas, caso da soja) com a subordinação dos padrões culturais e produtivos das comunidades locais e regionais ao padrão conduzido pelos novos agricultores do agronegócio, de modo geral imigrantes de outras regiões, com acesso a capital e tecnologia.

"Esse processo tem levado ao aumento do deslocamento de pequenos colonos, em razão de conflitos sociais ou da compra de lotes, resultando em novas fronteiras locais acrescido do desmatamento".

O estudo completo pode ser encontrado em www.amazonia.org.br

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