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Estudo quer saber o que limita produção dos ervais

A área alcança 31,6 mil hectares e uma produção de 277 mil toneladas de folha


Foto: Marcel Oliveira

Um projeto inédito nos cinco pólos ervateiros do Rio Grande do Sul verifica a situação nutricional e os manejos adotados pelos produtores na produção de erva-mate. O Programa Gaúcho para Qualidade e a Valorização da Erva-mate, (Pgmate/RS) é executado pela Emater/RS-Ascar, em parceria como setor ervateiro e está no quarto ano de atividades. O Estado conta com cinco polos ervateiros, que reúnem 205 municípios: Missões/Celeiro (Palmeira das Missões), Alto Uruguai (Erechim), Nordeste Gaúcho (Machadinho), Alto Taquari (Ilópolis) e Região dos Vales (Venâncio Aires). São 31,6 mil hectares e uma produção de 277 mil toneladas de folha.

Com objetivo de gerar informações relacionadas com as condições de fertilidade do solo e nutrição vegetal dos ervais gaúchos foram coletadas amostras em 128 propriedades, sendo observada uma produtividade média 746 arrobas por hectare. Segundo o pesquisador Bruno Brito Lisboa este desempenho é considerado baixo. A cultura pode produzir até o dobro disso.  “Cerca de 30% dos ervais apresentaram produtividade abaixo de 500@/ha, enquanto outros 30% colhem mais de mil arrobas por hectare. Este contraste em termos de produtividade é o responsável pela baixa média geral do Estado, que, de maneira geral, são semelhantes nos cinco polos ervateiros”, destaca.

Resultados apontam caminhos

A pesquisa busca os fatores ligados a fertilidade do solo e nutrição vegetal que possam estar limitando a produtividade dos ervais gaúchos. Os resultados das análises de solo indicam que, de maneira geral, existe uma deficiência de P (fósforo) nos solos, o que é uma condição comum no Estado, e também a ocorrência frequente de baixa disponibilidade de Ca (cálcio). Por outro lado, o K (potássio) encontra-se em teores adequados na grande maioria dos ervais, bem como os níveis de matéria orgânica, a qual, entre outras funções, está ligada à disponibilidade de N (nitrogênio) para as plantas.

Em relação à acidez do solo, como o esperado, o pH médio das amostras foi de 4,9. “Para a maioria das culturas, este valor seria limitante para a produtividade, porém, no caso da erva-mate, uma planta nativa adaptada a esta condição, isto não é um problema, mas pode gerar dificuldade para o manejo de plantas de cobertura do solo que não possuem a mesma tolerância para solos ácidos”, explicou Lisboa.

O pesquisador salientou ainda que é necessário conhecer como as condições da fertilidade do solo estão impactando a nutrição das plantas. Nesse sentido, a análise foliar é uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico das condições nutricionais das plantas, porém, ainda não existem valores de referência de teores foliares de nutrientes para a erva-mate.

Por essa razão, um dos objetivos desse projeto é a geração de informação e indicadores. “Até o momento, já foi possível a elaboração de algumas aproximações que indicam, por exemplo, que apesar da baixa disponibilidade de P (fósforo) nos solos dos ervais, este fator não está sendo limitante para a obtenção de elevadas produtividades. Esse tipo de informação é importante, pois permite saber se a baixa produtividade do erval está ligada a questões relacionadas somente a fertilidade do solo ou se também é em função de práticas de manejo, como poda, cobertura do solo ou outras”, completou Lisboa.

O trabalho de diagnóstico nutricional dos ervais gaúchos segue em andamento. A segunda fase do projeto será iniciada em breve e contemplará a coleta de novas amostras em, pelo menos, mais cem propriedades. Esta nova fase tem como propósito o aumento da representatividade dos resultados.

“A interpretação do diagnóstico e o balanço nutricional adequado para cada erval, em cada situação, além de melhorar a viabilidade econômica do empreendimento irá garantir melhor qualidade na matéria prima, maior longevidade das erveiras e um equilíbrio no sistema produtivo, com aportes de maior sustentabilidade”, afirmou o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Ilvandro Barreto de Melo.

Segundo Melo, outro fator importante que resultará deste trabalho é a compreensão da relação entre as práticas tecnológicas adotadas comparadas à prática específica de adubação, “visto haver no Estado uma enorme amplitude entre diferentes produtividades, que vão desde 150 arrobas por hectare até produtividades superiores a duas mil arrobas por hectare. Algo está errado, precisamos compreender o porquê e corrigir essa distorção”, enfatizou o extensionista.
 

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