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Etanol ganha o céu gaúcho

O custo de uma aeronave à base do combustível renovável é 44% menor do que uma que usa gasolina de aviação


O custo de uma aeronave à base do combustível renovável é 44% menor do que uma que usa gasolina de aviação. Vantagem que já igualou as vendas entre os dois modelos no RS
O etanol pode não ter emplacado como combustível favorito na hora de abastecer o carro dos gaúchos, mas está conquistando as empresas de aviação agrícola. Lançado em 2004, pela Neiva, braço da Embraer para área agrícola, o Ipanema a etanol (álcool hidratado), primeiro e único autorizado até agora a usar 100% deste combustível, já corresponde a 50% das vendas da empresa no Estado. Em janeiro, a empresa bateu a marca de 1,2 mil aeronaves Ipanema entregues no Brasil, sendo que 30% já são a etanol.

O empresário Celso Vinholes, de Santa Vitória do Palmar, que abriu a Viatec Aviação Agrícola, em 2008, começou a operar já com a aeronave a etanol. "Os concorrentes duvidavam que ia dar certo porque estou muito longe do centro de produção. Mas hoje brinco com eles que, a cada safra, ganho de presente a caminhonete que uso com a diferença que economizo no combustível." A Embraer diz que Vinholes é o operador mais ao Sul da América do Sul a voar com etanol, que é uma alternativa direta a gasolina de aviação. Ele tem frota de três aviões e já encomendou outro, todos a etanol. Para driblar a distância, ele compra o etanol a granel, o que favorece na hora de negociar o preço. Vinholes conta que, quando comprou o primeiro avião, foram decisivos o custo e a segurança. "Também conta o caráter ecológico do uso do etanol diante dos derivados de petróleo, podendo o etanol ser produzido na propriedade rural até mesmo aqui no Sul, abrindo novas fronteiras para nossa agricultura", destaca Vinholes.

A preocupação em relação ao abastecimento ainda se justifica porque o álcool necessário é o mesmo usado nos carros, vendido em postos de combustíveis e produzido a partir da cana-de-açúcar, que ainda enfrenta gargalos para ser cultivada no Sul do país. O que Vinholes e outros empresários estão percebendo é que, apesar do etanol não ser competitivo frente à gasolina comum no abastecimento de veículos de passeio, quando comparado com a gasolina de aviação, tem uma grande diferença. Segundo o diretor da PBA Aviation, Pelópidas Bernardi, que vende os aviões da Embraer no RS, as empresas compram normalmente tanques de 5 a 10 litros de combustível sendo que o etanol nas distribuidoras sai por até R$ 1,50 o litro e a gasolina de aviação por R$ 3,80/l. Além disso, ele destaca que o motor fica 20% mais potente com etanol, voa mais rápido, não polui e não tem risco de incêndio. "Na safra, com 500 horas de voo, é possível economizar R$ 60 mil." Nesse caso, segundo ele, compensa o valor do investimento, já que o Ipanema a álcool custa R$ 728 mil e a gasolina R$ 718 mil.

Segundo estimativa do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), atuam no Brasil 1,5 mil aeronaves agrícolas, sendo 80% Ipanema e 30% do modelo a etanol. No RS, operam 80 empresas, que conforme o Sindag devem sobrevoar as lavouras gaúchas com 260 aeronaves, sendo muito pouca a etanol. O presidente do Sindag, Nelson Paim, que é do Mato Grosso, avalia que ainda freia a expansão a distância de alguns estados do centro de produção do etanol, que é o Sudeste. Paim destaca que o etanol é cada vez mais bem recebido, porque o custo operacional reduz bastante. "A preocupação para quem tem aeronaves e veículos é com a durabilidade do petróleo e o fato de ser grande poluidor."

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