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Evolução no mercado do café

Fortalecimento do dólar frente ao Real desde o início de novembro se somou ao movimento altista do arábica em NY


O mercado cafeeiro reagiu bastante nas últimas semanas, em parte, associado às chuvas escassas ocorridas no mês de outubro, acompanhadas do calor excessivo nos cinturões produtivos, o que naturalmente levantou preocupações sobre o potencial da próxima safra.

Além disso, o fortalecimento do dólar frente ao Real desde o início de novembro se somou ao movimento altista do arábica em NY, de modo que os preços em Reais alçaram o mais alto nível do ano, superando até mesmo o rally do frio, no início de julho.

A bebida em NY subiu 18% desde meados de outubro e 15% em Reais no mercado físico brasileiro. Movimentos técnicos também desencadearam a cobertura de posições vendidas dos fundos não comerciais amplificando o movimento.

Entretanto, novembro iniciou com prognósticos de chuvas mais volumosas, que inclusive já vêm ocorrendo nas áreas de café, o que tende a pressionar negativamente o mercado.

Vale destacar que, apesar das chuvas abaixo da média em outubro, o sentimento é de que o pegamento da florada ocorreu satisfatoriamente, e isso, até o momento, continua sustentando a visão de uma boa safra no Brasil para o próximo ano, lembrando que será certamente maior devido ao ciclo bienal do arábica ainda que possa não superar o recorde do ano passado, como têm sustentado as cooperativas, visão esta que ainda não é unanime no mercado. A produção de café conilon também tem potencial para um novo recorde no próximo ano.

Além da possibilidade de comercialização da safra corrente em bases de preço cerca de R$ 60,00/saca acima do nível visto no início de outubro, no caso do café arábica, as oportunidades de preço para entrega futura voltaram a surgir com compradores oferecendo R$ 515,00 para entrega em 2020 e até R$ 530,00 para 2021, o que pode servir de hedge importante para o produtor que busca proteger os custos de produção e até então tinha pouco incentivo nas telas.

O rally do frio, até então o melhor do ano, quando o café foi a R$ 450,00 em poucas sessões, foi muito rápido, tendo devolvido toda alta logo após a passagem da frente fria,  Diretoria de Produtores Rurais | Itaú BBA | Novembro de 2019
o que dificultou o posicionamento de participantes interessados, com a coincidência do feriado de 4 de julho nos EUA impedindo o posicionamento.

Cafeicultores mais antenados ao mercado futuro entregaram cafés de R$ 500,00 neste ano em vendas realizadas nos anos anteriores quando o mercado ofereceu oportunidade e isso fez toda a diferença.

Ainda que os fundamentos de oferta de café possam vir a se alterar caso algum problema climático relevante ocorra, parece prudente aproveitar a oportunidade atual para defender os custos de produção e consequentemente proteger a saúde financeira da atividade.

Análise produzida pelo consultor de Agronegócios do Itaú BBA, César de Castro Alves.

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