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Expectativa de preços firmes para o milho ao longo de 2021

No Brasil, as cotações no spot seguiram valorizando impulsionadas pelas altas em Chicago


Foto: Nadia Borges

Os preços do milho decolaram ao longo do mês de janeiro em Chicago com o grão sendo negociado nos maiores patamares desde julho de 2013. O contrato de 1º vencimento (março/21) fechou janeiro cotado a USD 5,47/bu, alta de 13% em relação ao fim do mês de dezembro. Para setembro/21, contrato que reflete parte da safrinha brasileira, a alta foi de 5,2% com o contrato negociado a USD 4,7/bu no final do mês.

O grande suporte para as altas das cotações foi a abrupta revisão para baixo dos estoques de passagem na safra 20/21 nos Estados Unidos feita pelo USDA na esteira do corte dos estoques finais do ano anterior e de um agudo corte da produção do país (-8 mm t) no país em relação às perspectivas de dezembro. Diante disso, a relação estoque/uso de milho nos Estados Unidos é projetada para fechar a safra em 10%, menor valor desde a safra 13/14.

Além disso, o órgão norte americano também cortou a produção prevista na Argentina e no Brasil e revisou para cima as importações chinesas, o que consolida cada vez mais o cenário de déficit global do grão. É válido destacar que o apetite chinês pelo grão segue muito grande, empurrado pela recomposição do rebanho suíno local. Semanalmente tem sido reportadas grandes vendas americanas para o país e, em dezembro, as autoridades chinesas registraram importações recordes para um mês ( 2,2 mm de toneladas).

No Brasil, as cotações no spot seguiram valorizando impulsionadas pelas altas em Chicago, desvalorização cambial e a baixa disponibilidade local do produto. De fato, tem sido notado alguma relutância de ofertantes em disponibilizar ao mercado o que ainda há de estoques em busca de melhores preços.

De acordo com o relatório mensal Agro Itaú, assim como no caso da soja, nosso cenário base aponta para preços internacionais do milho sustentados no curto prazo diante da perspectiva de balanço apertado nos Estados Unidos e de mais um ano de déficit no mercado global do grão, o quarto consecutivo. Diante de tal quadro, alguns países têm adotado, inclusive, restrições às exportações. 

Esse é o caso, por exemplo, da Ucrânia, o quarto maior exportador mundo, que tem demonstrado a intenção de restringir suas exportações, que são da ordem de em 24 mm toneladas. Adicionalmente, a velocidade de recuperação do rebanho suíno na China atrelada às incertezas em relação ao tamanho efetivo e qualidade dos estoques locais do grão sugerem que há espaço para aumento das importações pela China, o que poderá dar força adicional aos preços. Em Dalian, a cotação do milho subiu 11,5% em Janeiro e, em comparação ao mesmo período do ano anterior, o valor é 57% maior, com o grão cotado a USD 453/t, quase o dobro do preço no Brasil.

Os olhos também estarão voltados para o desenvolvimento da safra argentina, cuja expectativa foireduzida novamente na última semana pelo Bolsa de Cereais de Rosário, e a evolução do plantio da safrinha no Brasil, que poderá ter seu ritmo afetado pelas boas chuvas previstas no Paraná e Mato Grosso, dois dos principais estados produtores do grão. No Brasil, as perspectivas também são de preços firmes, ao longo dos próximos meses diante de uma combinação de estoques de passagem em patamares próximos aos observados em 2019 e a quebra de produção da safra de verão no RS e SC devem deixar o balanço bastante equilibrado no 1º semestre do ano. Além disso, os preços praticados atualmente nos mercados locais são inferiores às paridades de importação, o que sugere espaço para altas.

*informações do relatório mensal Agro Itaú.

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