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Exportação de milho do País sofre com preços baixos e câmbio

Se as condições de mercado continuarem as mesmas, é improvável que fiquem acima das de 2008


As exportações de milho do Brasil, que começaram o ano com grandes volumes embarcados, estão em um ritmo lento, com preços pouco competitivos para vendas externas, um câmbio desfavorável e uma demanda claudicante, disseram especialistas nesta segunda-feira.

Ainda sob o efeito do bom início, as exportações brasileiras do cereal no primeiro semestre fecharam o período acima das verificadas nos seis primeiros meses do ano passado (3,4 milhões de t contra 2,9 milhões), segundo o Ministério da Agricultura.

Mas se as condições de mercado continuarem as mesmas, é improvável que fiquem acima das de 2008, quando o Brasil exportou 6,4 milhões de t, de acordo com fontes do mercado.

"Vai ser muito difícil, no ritmo atual, bater o que exportamos no ano passado", disse o diretor da Céleres, Anderson Galvão, em entrevista.

Mesmo diante da conjuntura difícil, o Ministério da Agricultura prevê exportações de 8 milhões de t de milho para 2009. "Vai ser bem difícil de concretizar aquilo lá", acrescentou o analista, referindo-se à previsão do governo.

Não bastassem as cotações na bolsa de Chicago, referência internacional, estarem em valores próximos aos mais baixos do ano, o dólar teve nesta segunda-feira o menor fechamento desde o final de setembro, a R$ 1,90, seguindo a tendência global de desvalorização da moeda e com investidores menos avessos a riscos em países emergentes.

Galvão lembrou ainda que, no começo do ano, quando as exportações de milho estavam mais volumosas, o dólar chegou a R$ 2,40. Um dólar fraco frente ao real deixa o produto brasileiro menos competitivo no mercado externo.

No caso dos preços em Chicago, eles estão em queda porque os agricultores dos EUA aumentaram a semeadura do cereal e podem obter uma das maiores safras da história.

Havia a expectativa de que a área plantada com milho nos EUA, maior produtor mundial, fosse menor, com o produtor americano apostando mais na soja, o que não ocorreu.

"Isso joga um pouco de água na possibilidade de preços firmes de milho no decorrer deste ano. A não ser que a condição de clima mude no Meio-Oeste dos EUA até o final da safra, mas por enquanto não dá para dizer. Muito pelo contrário, o clima lá está próximo do ideal", analisou Galvão.

De acordo com ele, não bastassem os preços e o câmbio, a demanda externa está mais fraca. "A Europa e outras regiões do mundo tiveram safras boas, e importação de milho é feita nesses países quando se tem problema de produção", destacou.

Há fraqueza do lado da demanda, avalizou um corretor que trabalha com exportação no Paraná, o maior produtor brasileiro do cereal, onde haveria oferta suficiente para boas exportações, se fosse o caso.

O governo brasileiro realiza na terça-feira, e também no dia 28 de julho, leilões de prêmio com o objetivo de apoiar os produtores domésticos, em um mercado com preços abaixo do mínimo em Estados como o Mato Grosso, que colhe uma grande safra de inverno.

Essas operações, segundo o mercado, são com opção para subvencionar o escoamento do produto para fora do país, e poderiam dar um impulso às vendas externas. Cada um dos leilões terá contratos para apoiar vendas de 500 mil t.

Mas analistas e o corretor estão céticos com relação à participação dos produtores na operação. "Tem que esperar para ver o interesse no leilão", disse o corretor do Paraná, que pediu para ficar no anonimato.

Segundo o analista Rodrigo Nunes, da Agência Rural, o valor do prêmio é "bom, mas o problema é o preço". A cotação, em Mato Grosso, por exemplo, está abaixo dos custos de produção de boa parte dos agricultores, segundo analistas.

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