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Exportações brasileiras de milho neste ano ainda são incertas

No mês passado, as vendas externas de milho totalizaram apenas 390,2 mil toneladas


Folha de S.Paulo - Apesar de o Brasil estar ocupando posição de importância entre os países exportadores de milho, o desafio de consolidar e manter essa posição permanece intenso.

O resultado das exportações de milho em março deste ano reflete claramente que a competitividade do Brasil mostra-se frágil sem o apoio governamental em cenários de valorização cambial.

No mês passado, as vendas externas de milho totalizaram apenas 390,2 mil toneladas, encerrando um ciclo de sete meses ininterruptos de exportações cujo volume médio mensal havia sido de 1,5 milhão de toneladas.

De agosto de 2010 a fevereiro de 2011, o bom resultado das vendas externas do cereal foi consequência dos leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) promovidos pelo governo ao longo do ano passado.

É verdade que, com a intensificação da colheita da soja, as estruturas de exportação voltam-se para a oleaginosa, não havendo, portanto, espaço de ocupação para o milho.

Todavia, diante da taxa de câmbio inferior a R$ 1,60, torna-se claro o desafio de exportar o milho oriundo da região Centro-Oeste do Brasil. Há possibilidade de trabalhar com cenários distintos para essa análise.

Se os preços do milho permanecerem na casa de US$ 7 por bushel na Bolsa de Chicago, a valorização do produto no mercado internacional poderia compensar em parte a valorização cambial.

Nesse caso, seria possível exportar milho a preços relativamente compensadores aos produtores rurais sem a necessidade de ajuda governamental.

Em outro cenário, com preços abaixo de US$ 6 por bushel na Bolsa de Chicago, o preço do milho na região meio-norte de Mato Grosso alcançaria níveis abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo.

É importante destacar que a cotação do milho a US$ 6 por bushel já estaria muito acima de sua média histórica, e pode ser considerado um preço muito alto no mercado internacional.

Porém, a valorização do real diante do dólar está anulando os efeitos compensadores dessas altas de preços.

Analisando os preços dos contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago com vencimentos no segundo semestre, poderíamos dizer que há boas chances de exportar milho em 2011.

Por outro lado, nota-se também que a pressão de valorização sobre a taxa de câmbio permanece intensa, apesar das medidas adotadas pelo governo, que contemplam o aumento do IOF para empréstimos externos.

Sendo assim, não são descartadas novas rodadas de valorização do real. Ao mesmo tempo, os preços do milho no mercado internacional dependerão agora do desempenho da safra norte-americana.

Apesar das expectativas de crescimento da área plantada com o cereal em solo norte-americano, os baixos estoques de passagem no mundo e nos EUA estão contemplando um viés de alta para os preços do milho.

Em virtude da nossa baixa competitividade na exportação do cereal, o Brasil terá de contar com a sorte para exportar milho neste ano.

Essa sorte viria através dos preços internacionais, já que internamente há forte pressão de valorização na taxa de câmbio e um quadro de redução do Orçamento na esfera governamental.

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