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Exportações brasileiras de milho perdem vigor e poderão cair em 2009


As exportações brasileiras de milho, que começaram o ano com grandes volumes embarcados, estão em ritmo lento, com preços pouco competitivos para vendas externas, demanda claudicante e câmbio menos atraente, de acordo com especialistas.

No primeiro semestre, as exportações somaram 3,4 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura. Ainda sob o efeito do bom início de ano, o volume cresceu em relação ao mesmo período de 2008 (2,9 milhões). Mas, se as condições de mercado perdurarem, é improvável que as vendas fiquem acima do total do ano passado (6,4 milhões de toneladas).

"Vai ser muito difícil, no ritmo atual, bater o que exportamos no ano passado", afirmou Anderson Galvão, da consultoria Céleres. Mesmo diante da conjuntura difícil, o Ministério da Agricultura ainda prevê 8 milhões em 2009. "Vai ser bem difícil de concretizar aquilo lá", acrescentou o analista, referindo-se à previsão do governo.

Não bastassem as cotações na bolsa de Chicago, referência internacional, estarem em patamares próximos aos mais baixos do ano, o dólar registrou nessa segunda-feira (20) o menor nível de fechamento em relação ao real desde o fim de setembro (R$ 1,90), seguindo a tendência global de desvalorização da moeda e com os investidores menos avessos a riscos em países emergentes.

Galvão lembrou que, no começo do ano, quando as exportações de milho estavam mais volumosas, o dólar chegou a R$ 2,40. Um dólar fraco frente ao real deixa o produto brasileiro menos competitivo no exterior.

No caso dos preços em Chicago, a queda decorre, em boa medida, da ampliação da área plantada nos Estados Unidos - que poderão, assim, colher uma de suas maiores safras da história. Havia a expectativa de que a área de milho nos EUA, maior produtor mundial, fosse menor por causa de uma maior aposta na soja, mas isso não aconteceu na medida esperada pelos analistas.

"Isso joga um pouco de água na possibilidade de preços firmes de milho no decorrer deste ano, a não ser que a condição de clima mude no Meio-Oeste dos EUA até o final desta safra. Mas, por enquanto, o clima está próximo do ideal", analisou Galvão. Não bastassem os preços e o câmbio, a demanda externa também está mais fraca. "A Europa e outras regiões tiveram safras boas, e importação de milho é feita nesses países quando se tem problema de produção", disse ele.

"Há fraqueza do lado da demanda", concordou um corretor que trabalha com exportação no Paraná, maior Estado produtor do cereal do país - e onde haveria oferta suficiente para engordar as exportações, se fosse esse o caso.

Em meio à mudança de cenário, o governo brasileiro realiza hoje e no próximo dia 28 leilões de prêmio com o objetivo de apoiar os produtores domésticos, em um mercado com preços abaixo do mínimo em Estados como o Mato Grosso, que colhe uma grande safra de inverno.

Tais operações, conforme especialistas, podem impulsionar as vendas externas. Cada um dos leilões terá contratos para apoiar vendas de 500 mil toneladas. Mas o corretor paranaense (que preferiu o anonimato) e outros especialistas estão céticos com relação à participação dos produtores na operação. "Tem que esperar para ver o interesse no leilão", afirmou o corretor. Segundo Rodrigo Nunes, analista da Agência Rural, o valor do prêmio é "bom, mas o problema é o preço". Em Mato Grosso, as cotações estão abaixo dos custos de produção de boa parte dos agricultores, segundo analistas.

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