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Exportações brasileiras de suco de laranja devem ter recuo

Os embarques brasileiros do produto devem recuar para 1,2 milhão de toneladas


As exportações brasileiras de suco de laranja congelado e concentrado (Fcoj, sigla em inglês) devem recuar para 1,2 milhão de toneladas no ano safra 2006/07 (julho-junho), ante 1,34 milhão de toneladas na safra anterior, por menor disponibilidade do produto, informou nesta segunda-feira (04-12) a Abecitrus, entidade que reúne a indústria exportadora.

Segundo o presidente da associação, Ademerval Garcia, na safra anterior o volume foi maior porque foram exportados também os estoques existentes, o que não ocorrerá na safra 2006/07, já que a indústria iniciou a produção com estoques praticamente zerados. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja.

"Faz três anos que exportamos mais do que produzimos. Este ano vai ser o primeiro em muitos anos em que só exportaremos o que produzirmos", disse Garcia a jornalistas. De acordo o executivo, no período não haverá produção suficiente para recompor os estoques. "Vamos trabalhar da mão para a boca", disse ele.

Entre julho e outubro, as exportações somaram 433 mil toneladas, ante 483 mil toneladas no mesmo período do ano passado. Em 06/07, se confirmada a previsão da Abecitrus, o volume exportado deverá cair pela segunda temporada consecutiva, depois que o setor atingiu recorde de embarques em 2004/05 (1,41 milhão de toneladas).

De outro lado, as receitas obtidas com exportações deverão crescer de forma considerável, em função dos preços internacionais mais elevados --os futuros negociados na bolsa de Nova York estão próximos do maior valor de todos os tempos, devido a safras mais baixas que a demanda na Flórida e no Brasil.

Segundo Garcia, os preços médios em 2006 (ano civil) estão em 1.090 dólares por tonelada, ante 780 dólares por tonelada em 2005. Ele afirmou que embora o volume vendido no exterior de janeiro a outubro tenha caído cerca de 10 por cento, para 1,08 milhão de toneladas, houve um aumento de 27,5 por cento em receita, para 1,2 bilhão de dólares.

A expectativa é de que até o final do ano as exportações de suco rendam ao país ao menos 1,4 bilhão de dólares.

Nova citricultura:

Em entrevista a jornalistas, o presidente da Abecitrus observou que a alta nos preços está diretamente associada a um volume de matéria-prima insuficiente no Brasil. Ele destacou que, embora o plantio de pés de laranja novos e mais produtivos esteja ocorrendo na região do parque citrícola brasileiro (18 milhões de árvores por ano), também é expressivo o número de pomares reduzidos em função do ataque de doenças (cancro cítrico, greening, morte súbita e CVC).

Em São Paulo, que produz cerca de 80 por cento da laranja utilizada pela indústria exportadora, deixaram de ser produzidas por causa das doenças de 25 a 30 milhões de caixas ao ano, nos últimos anos. De acordo com previsões da indústria apresentadas pela Abecitrus, a tendência de redução de área citrícula deve continuar no Estado, caindo dos atuais 765 mil hectares para 700 mil hectares em 2010.

Para a Abecitrus, a produção está em torno de 360 milhões de caixas de 40,8 quilos. Esse volume deve continuar o mesmo até pelo menos 2010, quando as árvores novas, mais produtivas, entrarão plenamente em produção, e a pressão das doenças deverá ser menor.

Para fugir das pragas citrícolas, o parque está migrando de região no Estado, e 55 por cento da produção já vem do sul paulista. Em 2000, 55 por cento da safra concentrava-se no norte. Para 2010, a expectativa é de que 62 por cento das laranjas colhidas venham da região mais ao sul de São Paulo.

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